Devastating losses: How parents cope with the death of a child to suicide and drugs

Resenhado por Geovanna Souza

Byers, D. S. (2013). Devastating losses: How parents cope with the death of a child to suicide and drugs. Clin Soc Work Journal 41, 413–415.

São poucas as pesquisas que buscam investigar a experiência vivenciada por pais que se encontram em processo de luto por crianças que se suicidaram. Com isso, em 2003, o Instituto Nacional de Saúde Mental Americano tentou resolver esta lacuna, organizando a ‘‘Research on Survivors of Suicide Workshop’’ (NIMH, 2003) para incentivar estudos sobre o bem-estar da família após a perda de um filho por suicídio. A partir de então, Feigelman e Feigelman escreveram um livro sobre pais que se encontram em luto por mortes devastadoras de seus filhos (como suicídio ou overdose de drogas). Eles explicam como foram capazes de utilizar a própria experiência pessoal de perda traumática (já que perderam seu filho em 2003) para orientar suas questões de investigação e se aprofundarem no tema. Byers fez essa publicação com o intuito de expor o livro escrito pelos Feigelman’s, Jordan e McIntosh, apresentando suas contribuições e limitações de forma sucinta.
Os Feigelmans se uniram a John R. Jordan e John L. McIntosh, pesquisadores clínicos com trabalhos na área da ‘suicidologia’, com o intuito de realizar o estudo citado ao longo dessa resenha. As pesquisas voltadas para as perdas devastadoras trazem grandes contribuições ao próprio significado do luto, bem como permite conhecer aspectos relacionados às consequências que o suicídio de um filho pode provocar no modo de vida dos pais. Byers narra que o livro é dividido em três seções principais, onde cada um examina diferentes questões relacionadas a uma ampla gama de respostas de uma pesquisa realizada com 575 pais que se encontravam em luto.
A primeira seção desse livro examina como o tipo de perda pode afetar os padrões de dor. Os pesquisadores não encontraram quaisquer diferenças significativas nos padrões de luto dos pais que perderam filhos para suicídio, ao invés de overdose por drogas. No entanto, ambos os grupos apresentaram estar mais associados a problemas de saúde mental, quando comparados com os pais em luto por crianças que morreram de outras formas, como por exemplo, devido a alguma doença.
Outro ponto é que os dois grupos de pais em luto também relataram se sentir frequentemente rejeitados em sua dor dentro de suas famílias, muitas vezes demonstrando sentimento de culpa pela morte de seus filhos, bem como vivenciando certa rejeição social. Quase metade dos participantes cujos filhos morreram por suicídio e/ou overdose de drogas, relataram que se sentem responsabilizados pela morte de seus filhos. Essa corresponsabilização pode ser fator preponderante ao surgimento de depressão e suicídio dos próprios pais que se encontram em luto. Todas essas descobertas devem contribuir para conhecer as necessidades dos pais em luto, bem como encorajá-los a procurar grupos de apoio, entre outros recursos de ajuda.
A segunda parte do livro aborda os serviços de apoio a pais em luto, com ênfase em grupos de apoio que trabalham com pares. Em entrevista com pais em luto frequentadores de grupos de apoio, os pesquisadores puderam observar que grande parte dos participantes relataram que frequentar esses grupos é muito útil, uma vez que se cria um modo de enfrentamento a esses sentimento de rejeição e abandono.
Na terceira parte, os pesquisadores examinaram como tal perda reflete em casamentos, descobrindo que apesar do luto, a coesão do relacionamento tende não a ser prejudicada mais vezes. A amostragem de casais em luto era muito pequena, mostrando a necessidade de se investigar mais acerca do assunto. Vale ressaltar que os autores não incluíram na amostra indivíduos solteiros, do mesmo sexo ou pais adotivos.
Seus resultados e análises nos mostra que uma perda devastadora exerce impacto considerável nos pais de crianças e adolescentes mortos. Os autores do livro, bem como Byers, apontam que os alunos, juntamente com médicos e pesquisadores, também precisam levar em consideração a diversas limitações que esse estudo possui. Além do viés de amostragem que já foi citado, os autores não levaram em conta as características sociodemográficas e os fatores sociais, como raça e cultura, que poderiam trazer resultados diferentes. Também é importante notar que os autores não discutem a orientação sexual da criança como um possível fator de influência nos sentimentos de culpa e tristeza dos pais.
Tanto os pontos fortes como as limitações do livro escrito, por meio do estudo Devastating Losses, provavelmente servirá para ajudar estudantes, médicos e outros pesquisadores a mapear novos caminhos e explorar o tema mais a fundo. Devastating Losses fornece uma base empírica para a compreensão de uma forma de dor que muitas pessoas sequer imaginam, além dos efeitos combinados de rejeição social e abandono em face de tal perda profunda.
O livro é uma leitura importante para os médicos e educadores de saúde que trabalham com os pais em luto. As descobertas devem ajudar os médicos a melhor compreender e apoiar os pais em luto que perderam crianças devido ao suicídio ou por overdose de drogas, bem como ajudará a elaborar um plano de intervenções eficaz. Sendo assim, o livro é importante, pois traz contribuições acerca do assunto, nos levando a repensar os diferentes pontos que podem transformar um pai ou mãe em luto sem assistência, em um possível ‘futuro suicida’.

Referência do livro citado na resenha:
Feigelman, W., Jordan, J. R., McIntosh, J. L., & Feigelman, B. (2012). Devastating losses: How parents cope with the death of a child to suicide and drugs. Springer Publishing Company, New York, NY, pp. 338. 

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