Parenting stress and emotional wellbeing in mothers and fathers of preschool children


Resenhado por Ariane de Brito
  
Skreden, M., Skari, H., Malt, U. F., Pripp, A. H., Björk, M. D., Faugli, A., Emblem, R. (2012). Parenting stress and emotional wellbeing in mothers and fathers of preschool children. Scand Journal of Public Health, 40, 596-604.

Estresse Parental e bem-estar emocional em mães e pais de crianças pré-escolares
 
O presente artigo apresenta uma proposta de investigar o estresse parental de mães e pais de crianças pré-escolares. Como objetivo se propôs comparar estresse parental e bem-estar emocional dessas mães e pais, tanto para identificar preditores de diferentes aspectos do estresse parental em ambos, quanto para discriminar estresse parental de sofrimento psicológico dos pais e ansiedade.
Parentalidade é uma experiência de vida plena, com muitos momentos positivos e também muitos desafios. O estresse parental é descrito como uma noção de conflito entre os recursos parentais e as exigências ligadas ao papel parental. Tal estresse é visto pelos autores, como um determinante da parentalidade disfuncional e, consequentemente, de uma relação pai-filho comprometida.
Estudos (Deater-Deckard, 1998; Wilson & Durbin, 2010) têm verificado que pais que relatam níveis mais elevados de estresse parental são mais propensos a serem autoritários, duros e negativos em sua paternidade, e menos envolvidos com seus filhos. Alguns fatores de risco que podem levar ao aumento de estresse parental tanto nos pais quanto nas mães são: posição econômica baixa; pobre apoio social, baixa satisfação conjugal e número de filhos. Os autores ressaltam ainda a escassez de pesquisas sobre estresse parental em pais, especificadamente.
Para a realização da pesquisa, os pais (mãe e pai) foram identificados de acordo com um esquema de amostragem pré-especificado: foram escolhidos os pais das nove primeiras crianças nascidas de cada mês durante um período de 4 anos e meio (de janeiro de 1999 a junho de 2003), de um hospital distrital norueguês. Assim foram identificados998 pais de 506 crianças. Devidos aos critérios de inclusão e a não participação de alguns deles, a amostra total contou com a participação de 256 mães (67,2%) e 204 pais (53,5%).
O estresse parental e o bem-estar emocional foram avaliados com um e dois instrumentos padronizados, respectivamente, a saber: o Swedish Parenthood Stress Questionnaire (SPSQ), baseado em partes do domínio pai do American Parenting Stress Index (PSI), onde cada item é pontuado em uma escala tipo Likert de 1 a 5, e a pontuação mais alta indica o mais alto nível de estresse parental; o General Health Questionnaire -28 (GHQ- 28), que mede sintomas de ansiedade e insônia, depressão, somatização e disfunção social; e o State Anxiety Inventory (STA I- X1), que mede amplamente o estado de ansiedade, a partir de sentimentos subjetivos de tensão, apreensão, nervosismo e preocupação.
Outras variáveis ​​consideradas no estudo foram: a idade e o sexo dos pais e da criança (variáveis independentes). Os dados sociodemográficos foram obtidos através de um questionário. O número de crianças na família foi definido como o número de filhos vivos presentes que a mãe havia dado à luz. O nível de escolaridade foi dicotomizado (menos de 12 anos contra 12 anos ou mais de escolaridade), bem como a situação de trabalho atual (ter trabalho remunerado ou ser estudante / dona de casa versus estar desempregado ou em bem-estar social). Fatores pré e pós-natal foram extraídos dos prontuários médicos.
Os resultados do presente estudo indicaram, de modo geral, que os pais relataram significativamente mais isolamento social, e menos incompetência, restrição de papel e estado de ansiedade quando comparados com as mães. As mães, por sua vez, relataram maior nível de estresse parental em comparação com os pais. Vários estudos encontraram resultados similares (Kaaresen, Ronning, Ulvund, & Dahl, 2006; Mothander & Moe, 2010). Para tanto, os autores discutem a política de família norueguesa, que tem sido dirigida no sentido de promover o pai a assumir uma maior participação no trabalho doméstico e na criação dos filhos. No entanto, apesar de se estar incentivando uma maior participação paterna nesse contexto, as mães ainda continuam sendo as mais participativas, tendo que conciliar suas atividades com os cuidados domésticos e cuidados diários da criança, o que pode explicar seu maior índice de estresse. Além disso, as mães se sentiram mais incompetente e mais restrita em seu papel parental do que os pais.
A ansiedadefoi o mais forte preditor de estresse parental. Estar desempregado ou no bem-estar social apresentou-se como um forte preditor de problemas de saúde entre as mães.Sobre a tensão parental versus sofrimento psicológico e ansiedade dos pais, os resultados do presente estudo indicaram que há uma correlação positiva entre o GHQ -28, o STA I- X1, e o SPSQ, o que confirma que o bem-estar psicológico, sintomas somáticos, isolamento social e estresse parental estão todos amarrados. Isto implica que a melhoria na saúde, na função social e no bem-estar psicológico dos pais pode potencialmente reduzir o estresse nos mesmos.

A presente pesquisa foi financiada por doações do Hospital Sørlandet HF, Arendal e da Autoridade Regional de Saúde do Sul da Noruega, e possibilitou uma discussão ampla acerca do estresse vivenciado por pais e mães e seus fatores preditores. Torna-se relevante a realização de pesquisas dessa natureza para que medidas de prevenção e/ou redução do estresse parental possam ser desenvolvidas, a fim de maximizar o desenvolvimento da criança, a relação pai-filho e o bem-estar em ambos.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.