Psychological distress and comordib physical conditions: disease or disability?

Resenhado por Luana Santos

Byles, J. et al. (2013) Psychological distress and comordib physical conditions: disease or disability?. Depression and Anxiety 00:1-9.

A existência de comorbidade, entendida como uma coocorrência entre doenças físicas, é bastante estudada. Atualmente, há um crescente reconhecimento da importância de se entender a comorbidade, também, entre doenças físicas e psicológicas, a exemplo do distresse psicológico. Ridner (2004, apud Byles et al) descreve o termo ‘distresse psicológico’ como um conceito distinto caracterizado pela incapacidade percebida de lidar eficazmente com uma situação ou condição, uma alteração no estado emocional (como se tornar deprimido ou experimentar desesperança, ansiedade ou desespero), desconforto percebido (emocional ou psicológico), comunicação de desconforto (ostensivo ou sutil), e manifestações de danos (como diminuição da autoestima ou das relações sociais).
O distresse pode ser uma causa ou uma complicação advinda de problemas físicos. A existência de comorbidades entre saúde física e mental pode exacerbar o peso da doença, alterar a história natural e/ou dificultar a gestão de ambas as condições, além de necessitar do aumento de cuidados de saúde e aumentar também o risco de mortalidade. Problemas de saúde física e estresse psicológico (incluindo depressão) podem também coocorrer, porque ambos são comuns em adultos mais velhos, partilhando o risco da influência de fatores sociodemográficos. Apesar de haver uma relação bem documentada entre comorbidade e distresse psicológico, o mecanismo desta associação não é claro, o estudo visou avaliar o grau em que varia a associação entre doenças crônicas comuns e altos escores na escala Kessler (K10), que mede distresse psicológico, de acordo com as condições de comorbidade, deficiência e circunstâncias sociodemográficas.
Para isso, fez-se uma análise do autorrelato de uma amostra transversal composta por 236.508 participantes com idades a partir de 45 anos de Nova Gales do Sul, na Austrália, utilizando-se o ‘45 Up Study’ e um modelo de regressão logística (pode ser encontrado no endereço: https://www.saxinstitute.org.au/our-work/45-up-study/). Os participantes preencheram o questionário postado e autorizaram por escrito, e foi monitorada a sua saúde em longo prazo por meio de questionários, de fevereiro de 2006 à abril de 2009. Todas as variáveis ​​utilizadas foram obtidas a partir dos dados autorrelatados do questionário “45 e Up Study”, com a exceção da pontuação do Índice de Acessibilidade/afastamento da Austrália, que foi baseado em detalhes da inscrição do “Medicare Austrália”.
Além da medida do distress (Escala K10), a pesquisa também incluiu informações sobre fatores sociodemográficos (mais alto nível de escolaridade, estado civil , tipo de moradia, língua falada em casa , renda e emprego), bem como o autorrelato do diagnóstico de condições comuns (acidente vascular cerebral, diabetes, doença de Parkinson, câncer, ataque cardíaco, outra doença cardíaca, pressão arterial alta, colesterol alto, coágulos de sangue, asma, artrite, osteoporose, doença da tireóide), e relato de necessidade de ajuda com qualquer tipo de deficiência.
Os resultados mostraram que ataque cardíaco/angina, outra doença cardíaca, derrame e diabetes autorrelatados foram significativamente associados com maior risco de pontuação alta/muito alta no K10. Essas associações foram atenuadas, mas mantiveram-se estatisticamente significantes, quando comorbidades, deficiências e fatores sociodemográficos foram adicionados ao modelo. Homens que relataram precisar de ajuda para tarefas diárias tinham nove vezes mais probabilidade de terem pontuações mais altas no K10 do que aqueles sem essa necessidade, enquanto que as mulheres que relatam precisar de ajuda nas tarefas diárias foram sete vezes mais propensas a ter pontuações altas/muito altas no K10.
Concluiu-se que ataque cardíaco/angina, outra doença cardíaca, derrame e diabetes são significativamente associados com distresse psicológico. No entanto, estes efeitos são em parte explicados por outras comorbidades, limitações no funcionamento físico e fatores sociodemográficos. Importante também ressaltar a falta de estudos no mesmo tema, visto que a K10 é uma medida reconhecida e validada de sofrimento psíquico, porém alguns dos sintomas (tais como cansaço) podem ser relacionado com a doença (em vez de aflição psicológica, por si só). Portanto, mais pesquisas são necessárias para avaliar a validade do K10 em diferenciar sofrimento psíquico de pessoas gravemente doentes. Além disso, é possível que alguma associação entre condições físicas e sofrimento psicológico possa estar relacionada ao uso de medicamentos. Apesar destas limitações, as associações demonstradas neste estudo são relevantes e destacam a importância de se desenvolver políticas públicas de saúde que abranjam os domínios psicológicos, fisiológicos e sociais, e forneçam informações cruciais para os médicos a fim de que possam identificar e apoiar as pessoas em risco de distresse psicológico.










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