A percepção sobre o uso de esteróides anabólico-androgênicos (EAA) nas atividades físicas pelos praticantes de musculação no Brasil: obsessão corporal versus saúde.

Resenhado por Monique Carregosa

Menezes, T. M. & Brito, V. C. (2013). A percepção sobre o uso de esteróides anabólico-androgênicos (EAA) nas atividades físicas pelos praticantes de musculação no Brasil: Obsessão corporal versus saúde. XIII Jornada de ensino, pesquisa e extensão – JEPEX  – UFRPE: Recife. 
       
O objetivo e a metodologia deste trabalho foi fazer um levantamento bibliográfico sobre a percepção dos praticantes de atividades físicas nas academias do Brasil, acerca da utilização de esteróides anabólico-androgênicos (EAA). Para atingir tal finalidade, analisou-se artigos científicos e monografias, datados de 1994-2012, os quais foram pesquisados nas bases de dados Pubmed/Medline, Scielo e Lilacs.
A partir da referida análise, observou-se que a percepção dos praticantes de atividades físicas e/ou atletas das academias brasileiras se estrutura em torno dos termos “ganho de força” e “estética”, ou seja, estes são os principais motivadores para a utilização dos EAA por esses grupos.
Chegou-se à descrita conclusão, devido aos resultados das pesquisas dos seguintes autores: Frizon et. al. (2005), Iriart et. al. (2002), Iriart et.al. (2009), Luz (2003) e Santos (2012). Iriart et.al.(2009), por exemplo, realizou uma pesquisa em academias de bairros populares e de classe média na cidade de Salvador e constatou que a preocupação com a estética, além do medo de envelhecer e o desejo de manter-se jovem, foram as principais motivações e “justificativas” para a prática de exercício físico.
Esse mesmo autor, mas noutro trabalho (Iriart et. al., 2002), agora nas academias da cidade de Salvador com fisiculturistas, fez um levantamento com o referido público-alvo e encontrou nos relatos que o uso dos anabolizantes ocorre de maneira irregular, isto é, ora contínuo, ora diário ou com intervalos maiores, sendo que as interrupções só são feitas por causa dos efeitos colaterais, pois retornam ao uso devido à falta de motivação para se exercitar e insatisfação corporal quando em abstinência da droga. O autor ainda destaca que normalmente os atletas preparam e compartilham coquetéis à base de dois ou três esteróides androgênicos e ADE e que este culto ao corpo musculoso contribui para o aumento do consumo de anabolizantes, uma vez que incita a competição.
Sobre o uso da substância ADE, que não é um EAA, faz-se importante frisar que este óleo vitamínico foi enfatizado nos estudos de Santos (2012) porque curiosamente os praticantes de musculação das academias de Porto Velho utilizam essa droga como anabolizante. Esse resultado sugere que os seus usuários desconhecem a sua composição e o seu efeito.
Luz (2003) entrevistou praticantes de atividade física de uma academia do Rio de Janeiro, e confirmou que para tais atletas, o “corpo em forma” significa ter um corpo saudável, uma vez que a apresentação corporal seria uma espécie de refletor da saúde do sujeito. Portanto, a quantidade de músculos, segundo a concepção destes, passa a ser um indicador significativo de boa saúde. A percepção apontada ratifica as considerações   realizadas por Frizon et. al. (2005), nos municípios de Erechim e Passo Fundo no Rio Grande do Sul, pois os participantes, todos do sexo masculino, revelaram que a estética e o ganho de força eram os principais estimuladores para o consumo de EAA.
Portanto, é notório que a percepção dos praticantes de atividades físicas e/ou atletas das academias do Brasil é compartilhada, uma vez que as pesquisas descritas concluíram que o culto ao corpo tem sido o grande propulsor do uso de EAA. O resultado é preocupante à medida em que se constata que parte dos usuários desconhece as consequências dessas substâncias no organismo, ou, se sabem, criam estratégias para suavizar os seus efeitos.

A leitura do presente texto é recomendada a todos que almejem conhecer esse mundo do “belo” e as implicações voltadas para a busca de um “corpo perfeito”, em troca do reconhecimento social e consequente elevação da autoestima. Ademais, é bastante relevante compreender como estes usuários concebem a droga, a fim de ser possível planejar e executar intervenções e medidas preventivas mais efetivas.

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