Pediatric parenting stress among parents of children with type 1 diabetes: The role of self-efficacy, responsibility, and fear
Resenhado por
Ariane de Brito
Streisand, R., Swift, E., Wickmark, T., Chen, R.,
& Holmes, C. S. (2005). Pediatric parenting stress among parents of
children with type 1 diabetes: The role of self-efficacy, responsibility, and
fear. Journal
of Pediatric Psychology, 30, 513-521. doi:
10.1093/jpepsy/jsi076.
As pesquisas de comportamento sobre
diabetes na infância têm-se voltado principalmente para a adaptação das
crianças à doença e a adesão destas ao tratamento. Sabe-se que o diabetes é uma
doença que afeta a infância, bem como os pais e toda a família próxima da
criança; no entanto, poucos são os estudos que procuram investigar o impacto do
diabetes infantil nos pais de crianças com esse diagnóstico. Este estudo
procurou investigar, através do conceito de estresse parental pediátrico, o
estresse relacionado ao cuidar de uma criança com diabetes.
O estresse afeta o pai e a criança em
vários aspectos importantes, a saber, aumenta o risco de má saúde mental entre
os pais, prejudica a capacidade dos pais para aprender habilidades de gerenciar
doenças, aumenta o estresse experienciado pela criança afetada, e exerce influência
negativa sobre a auto-gestão da criança.
Vários são os fatores contribuintes para
a experiência de estresse parental pediátrico entre pais de crianças com
diabetes; e uma compreensão mais específica dos papéis da família, e do comportamento
dos pais na gestão da diabetes também se fazem necessárias. Fatores tais como o
conhecimento da doença, a adaptação da criança, as relações familiares e com os
pares, e o estresse que podem ter impacto sobre o controle do diabetes.
No que diz respeito às relações
familiares, a literatura aponta alguns aspectos relevantes e constituintes
nessa dinâmica: o estresse dos pais associada ao cuidar de uma criança com
diabetes, as crenças dos pais sobre a sua capacidade de controlar a doença de
seu filho (auto-eficácia), o nível de responsabilidade parental para a gestão
diária do diabetes, e o medo dos pais de seus filhos experienciarem níveis
severamente baixos de glicose no sangue (hipoglicemia).
Em relação à auto-eficácia, na
literatura ela foi encontrada para moderar os efeitos do estresse parental
sobre a saúde mental dos pais. Estudos têm sugerido que o aumento da auto-eficácia
dos pais pode estar relacionado à diminuição do estresse. Assim como a diminuição
da auto-eficácia parental para a gestão de doença do filho pode ser associada
com o aumento do estresse, principalmente devido ao elevado nível de
responsabilidade parental que é necessário para cuidar de crianças diabéticas tipo
1.
Já sobre a responsabilidade parental
para o gerenciamento de doença da criança, os autores destacam a complexidade e
a tecnologia recente projetada para intensificar os regimes e tratamentos médicos
e para ajudar os jovens a atingir controle metabólico quase normal. Por se
tratar de crianças que precisam aprender a gerenciar todos esses aspectos, o
envolvimento dos pais na gestão da doença tem sido constantemente visto como um
importante determinante de resultados positivos para a saúde da criança Apesar
de pesquisas indicarem associações positivas entre o poder paternal e os
resultados de saúde das crianças, é possível que pais com maior responsabilidade
em gestão diária da doença do filho experimentem com maior freqüência estresse.
O medo dos pais, principalmente em
relação à hipoglicemia, também pode estar associada com o estresse parental pediátrico.
A hipoglicemia caracterizada por níveis baixos de glicose no sangue e por
sintomas físicos e mentais (tremores, fome, palpitações, confusão mental etc.),
quando severa e não tratada pode causar danos irreversíveis no cérebro, coma ou
até mesmo a morte. Em um estudo examinando o medo dos pais de hipoglicemia, a
preocupação dos pais sobre diabetes foi, sem surpresa, positivamente associado
com o medo de hipoglicemia. Nesse sentido, é provável que a preocupação com o diabetes
e o medo de hipoglicemia também irá influir no aumento da frequência de
estresse parental pediátrico desses pais.
Este estudo contou com a participação de
134 pais de crianças e adolescentes na faixa etária entre 9 e 17 anos de idade
com diabetes tipo 1. Estes pais foram os que se auto-identificaram como sendo o
principal cuidador, ou seja, com maior responsabilidade na gestão do diabetes do
filho. A maior parte dos filhos estava seguindo regime de terapia intensiva
através de injeções diárias subcutâneas de insulina, e uma minoria através da
bomba de insulina. Por critérios de inclusão, todos eles tinham sido
diagnosticadas com diabetes por pelo menos 6 meses.
Foram utilizados os seguintes
instrumentos de coleta de dados: Questionário sociodemográfico, Escala de
auto-eficácia para diabetes (SED), Questionário de responsabilidade familiar de
diabetes (DFRQ), Questionário de medo de hipoglicemia (HFS), Inventário
pediátrico para pais (PIP).
Nas análises bivariadas, verificou-se
que em relação às características demográficas e da doença, os pais de crianças
pequenas, os pais não-brancos, os de famílias monoparentais, e aqueles com
crianças que não usam a bomba de insulina, relataram mais frequentemente
estresse parental. No que diz respeito aos aspectos psicológicos e as variáveis
comportamentais, os pais com baixa auto-eficácia para o regime do diabetes, os
com maior responsabilidade para o controle da doença, e os que têm mais medo de
hipoglicemia, foram os que relataram estresse parental pediátrico com mais
frequência. Os pais de crianças mais jovens, e que utilizam injeções ao invés da
bomba de insulina, também relataram mais estresse.
No geral, os resultados deste estudo
sugeriram que o estresse parental pediátrico experimentado por pais de crianças
com diabetes tipo 1 é multifacetado, e que provavelmente está relacionado a
diferentes aspectos do regime do diabetes da criança. Eles indicaram ainda que até
cerca de um terço de estresse parental parece estar associado com as crenças
dos pais sobre a sua capacidade de executar aspectos do regime do diabetes, o
seu grau de responsabilidade para a gestão do diabetes, e seus temores
relacionados à hipoglicemia.
Apesar de todas as descobertas do estudo
terem, em geral, seguido na direção esperada, a constatação de que uma maior responsabilidade
parental pela gestão do diabetes era positivamente relacionada ao estresse,
tanto em freqüência quanto em dificuldade, é um pouco desconcertante, porque os
pais rotineiramente permanecem altamente envolvido na gestão da doença do filho.
Isto continua sendo verdade, mesmo quando as crianças amadurecem, porque este envolvimento
dos pais consiste muitas vezes na melhoria do controle metabólico ao longo do
tempo.
Futuros estudos permitirão uma análise
mais aprofundada de que os aspectos da gestão do diabetes são mais um desafio
para os pais, e isso pode ajudar a orientar o desenvolvimento de intervenções em
busca do aumento da auto-eficácia parental.
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