Ansiedade e necessidades dos cuidadores de crianças com e sem deficiência.
Resenhado
por Laís Santos
Fernandes,
C.P., Vale, D.E., Nóbrega, E.B., Dias, M., & Sousa, S.E. (2012). Ansiedade e necessidades dos
cuidadores de crianças com e sem deficiência. Revista de
Enfermagem Referência, 6; 181-189.
Estudos estimam que mais
ou menos 6,1% da população brasileira diz respeito a sujeitos acometidos por
alguma deficiência. De acordo com o artigo nº 2 da Lei n.º 38/04 de 18 de
agosto, um indivíduo com deficiência é aquele que seja por perda ou anomalia,
congênita ou não, de funções ou de estruturas do corpo, incluindo as funções
psíquicas, apresentando dificuldades específicas que em consonância com o meio,
geram entraves dificultando assim, a participação desse sujeito de forma
similar com os demais.
O
sujeito portador de alguma deficiência acaba provocando certa desordem
funcional em sua família, principalmente nos casos em que ele se encontra
inapto a cumprir seus papéis habituais. Toda essa situação gera uma gama de
reações emocionais e de ansiedade. Com relação ao cuidado prestado a crianças
portadoras de alguma deficiência a situação é semelhante.
É importante salientar que cada
família tem uma dinâmica diferente. Infelizmente muitos desses seios familiares
necessitam de mais informações acerca do problema em si, dos serviços
assistenciais e das leis que abrangem tais questões. Alguns autores apontam que
as principais necessidades das famílias de crianças
com necessidades especiais estão no âmbito financeiro, de informação, apoio e
acesso a serviços. Em contrapartida, as famílias de crianças sem necessidades
especiais, nos primeiros três anos, se preocupam mais com problemas de saúde da
criança, necessidades básicas dentre outros fatores.
Os cuidadores das
crianças com deficiência têm importante papel na gestão da doença crônica e na
manutenção dos requisitos necessários para que esse sujeito leve uma vida
‘normal’. Em muitos casos, os cuidadores acabam sofrendo uma série de consequências,
que vão desde o âmbito físico, até o âmbito psíquico. Estudos revelam que os
cuidadores estão mais inclinados a sofrerem algum prejuízo (físico, psíquico)
quando comparados aos não cuidadores.
O presente estudo
buscou avaliar e comparar os níveis de ansiedade dos cuidadores de crianças com
e sem algum tipo de deficiência, além de conhecer suas necessidades e opiniões
a respeito do papel do enfermeiro no auxilio no cuidado de crianças deficientes,
bem como, apontar fatores preditivos de ansiedade nos cuidadores de crianças
com deficiência. O estudo quantitativo utilizou uma amostra composta por 56
sujeitos, sendo que 24 deles eram cuidadores de crianças com alguma necessidade
especial, e os outros 32 eram cuidadores de crianças sem deficiência. Foram
ministrados dois questionários distintos. O primeiro, destinado aos cuidadores
de crianças com deficiência (amostra 1), continha: características sociodemográficas
dos cuidadores e das crianças com deficiência, grau de capacidade dessa criança,
escala de avaliação do apoio social à família (na adaptação portuguesa, o item
nº 20 é de resposta aberta, que neste estudo deu lugar à opção “Enfermeiros”),
cinco questões relativas aos entraves e necessidades das famílias e por último
o Inventário de Ansiedade Estado-Traço (STAI). O questionário utilizado com os
cuidadores de crianças sem nenhuma deficiência (amostra 2) foi organizado do
mesmo modo, apenas com a exceção da pergunta destinada a investigar o grau de
capacidade da criança.
Os resultados indicaram que os cuidadores de crianças com
deficiência obtiveram um maior nível de ansiedade-estado e traço em relação aos
cuidadores de crianças sem deficiência. É importante salientar que tais
diferenças não foram estatisticamente significativas. Outro dado importante foi
o de que a idade da criança é um preditivo de ansiedade, em outras palavras,
quanto mais velha a criança, menos ansiosos ficam os cuidadores de crianças com
alguma necessidade especial. Ambas as amostras apontaram como dificuldades as
questões financeiras, o acesso e apoio. Em termos de ajuda, o estudo mostrou
que os cuidadores recorrem prioritariamente aos familiares dessas crianças e a
outros profissionais, como por exemplo, o enfermeiro.
A pesquisa em questão é apenas um recorte de um vasto cenário
composto por diversos contextos, nos quais a ansiedade, bem como a depressão,
dentre outras patologias, se faz presente. Tal situação remete a importância da
existência de mais estudos que possam abarcar de algum modo esses diversos
ambientes, identificando os níveis indesejados de ansiedade e traçando
possíveis estratégias ‘resolutivas’.
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