Preditores da morbidade psicológica em fumantes, motivados para deixar de fumar, e em abstinentes.
Resenhado por
Catiele Reis
Afonso, F., & Pereira, M.G. (2012). Preditores
da morbidade psicológica em fumantes, motivados para deixar de fumar, e em
abstinentes. Revista da Sociedade
Brasileira de Psicologia Hospitalar, 15(2), 96-116.
O
presente estudo teve como objetivos comparar fumantes e abstinentes, no que se
refere ao coping, representações face ao comportamento tabágico e suporte do
parceiro. Além disso, analisar a relação entre o coping, morbidade psicológica
e dependência nicotínica e avaliar diferenças ao nível do suporte do parceiro
em função deste fumar ou não.
Para isso foi selecionada uma
amostra de 106 fumantes e 68 abstinentes entre pessoas de um hospital geral e
uma empresa privada localizada no norte de Portugal. Todos os participantes
foram selecionados a partir de uma reunião geral e o procedimento consistia no
preenchimento dos seguintes instrumentos: Ways
Coping Questionare; State trait
Anxiety Inventory; Illnes perception questionnaire-R; e o teste de
dependência de nicotina de Fagerström. A analise de dados foi realizada através
da Manova para as subescalas e o teste t para Escala de Coping comparando os
grupos de fumantes e não fumantes..
Nos resultados apresentados, os
autores afirmam que os fumantes utilizam mais estratégias de coping de atenção
em comparação aos abstinentes. Este resultado pode ser explicado pelo fato dos
fumantes que integram esse estudo possuírem uma motivação muito grande para
deixar de fumar. Destaca-se também o fato da maioria dos participantes
trabalharem em uma empresa privada que trabalha por turnos e ter iniciado o
comportamento tabágico como uma maneira de relaxar durante uma pausa para
voltar ao trabalho. Isto coincide com o que é abordado no estudo de Wesnes e Warburton
(1983), no qual foi verificado que fumar podia ser um bom recurso de coping em
contextos de trabalho ao produzir um efeito potencializador da concentração e
atenção seletiva e aumento da produtividade.
Outro resultado
encontrado foi o fato dos fumantes apresentarem mais representações negativas
face às consequências do tabaco do que os indivíduos abstinentes. Isso
significa que embora o tabaco proporcione uma sensação de bem estar, os
fumantes sabem os malefícios causados pelo cigarro.
Por outro lado, os sujeitos abstinentes
revelam mais suporte positivo indicando que receberam mais apoio para deixar de
fumar. Tal resultado corrobora com a literatura que afirma que o parceiro pode
influenciar o indivíduo a parar de fumar tendo um papel decisivo na mudança de
comportamento.
Portanto, de
acordo com os resultados encontrados os programas de cessação tabágica são
importantes ao nível da morbidade psicológica, suporte do parceiro e nas
estratégias de enfrentamento utilizadas, devendo o parceiro frequentar os
programas com a finalidade de prestar o maior suporte ao indivíduo fumante.
No entanto, esta
pesquisa apresenta algumas limitações importantes, a saber. O fato de todos os
fumantes estarem escritos em uma lista de espera para o programa de cessação
tabágica fazendo com que tenha um viés no que se refere às representações
negativas das consequências do tabaco; da pesquisa ter sido realizada apenas no
norte de Portugal, o que faz com que esta amostra seja muito específica não
podendo haver generalização dos resultados; e os instrumentos terem sido apenas
de autorrelato, fato que limita a pesquisa a respeito do suporte familiar, já
que não se tem a visão dos familiares.
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