O modelo de coping: Conceitos básicos

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Dias, E. N., & Pais-Ribeiro, J. L. (2019). O modelo de coping de Folkman e Lazarus: Aspectos históricos e conceituais. Revista Psicologia e Saúde, 11(2), 55-66. doi: 10.20435/pssa.v11i2.642


Resenhado por Lizandra Soares

    O coping é entendido como estratégias utilizadas por um indivíduo pra lidar com as situações adversas do cotidiano. Ou seja, trata-se de um mecanismo importante para o processo de adaptação e ajustamento. Muitas pesquisas evidenciam associação desse construto com aspectos de saúde física e mental. Isso sugere que as estratégias de coping podem alterar o funcionamento biológico, em especial por sua associação com estresse. Com objetivo de investigar o construto denominado coping e contribuir com o debate sobre as implicações desse mecanismo para a saúde, realizou-se uma revisão narrativa da literatura englobando aspectos históricos e conceituais do modelo de coping proposto por Folkman e Lazarus. Na atualidade, o coping pode ser definido a luz de duas grandes correntes conceituais. A primeira aborda o conceito de um ponto de vista disposicional, compreendendo-o como um traço ou estilo influenciado pelas características de personalidade. Já a segunda, denominada situacional, entende o fenômeno como um processo cognitivo, ativo e consciente de avaliação frente a situações de estresse. Essas duas abordagens apesar de serem divergentes, são percebidas na literatura como complementares. 
    O modelo mais famoso a respeito do coping é o teorizado por Folkman e Lazarus. Os autores postularam a teoria estresse e coping na qual o estresse é um processo contextual, ou seja, é definido como uma situação avaliada pelo indivíduo como significativa e com demandas que excedem seus recursos para lidar. Dessa forma, o coping é a resposta que o sujeito usa para adaptar-se às circunstâncias adversas ou estressantes. Frente ao estresse, o indivíduo pode reagir de maneira acomodativa ou manipulativa. Na primeira, o sujeito inibe suas ações diante do evento, impedindo-o de superar adversidades e fazendo-o utilizar-se, por exemplo, de álcool, relaxamento ou mesmo mecanismos de defesa. Já na resposta manipulativa, busca-se enfrentar o acontecimento estressante que esteja modificando o contexto, se afastando do evento estressor. Todavia, antes de optar por uma das respostas ao estresse descritas acima, são realizadas duas avaliações frente ao evento estressante. A primeira, chamada de avaliação primária, busca verificar se o evento é potencialmente prejudicial e ameaçador. Se a resposta for positiva, será iniciada a avaliação secundária, onde são examinados os recursos disponíveis para lidar com evento.
    A escolha do recurso dependerá da avaliação cognitiva do agente estressor. Existem três tipos principais de avaliação: 1) perda ou dano; 2) ameaça; e 3) desafio. No primeiro caso, o indivíduo entende que o dano já aconteceu. Em relação à ameaça, percebe-se que o dano ou a perda ainda não aconteceu, mas possivelmente ocorrerá. Esse tipo de interpretação permite que o organismo se organize e se prepare para o futuro. Já nas situações de desafio, o indivíduo se sente capaz de superar, portanto utiliza estratégias eficazes de enfrentamento. Por fim, o modelo de Folkman e Lazarus pressupõe que o coping se divide em duas categorias funcionais. A primeira focalizada no problema que permite a gestão comportamental do sofrimento. A segunda focada na emoção cuja função é regulação de emoções ou angústias. Ambas as formas de enfrentamento serão entendidas como positivas ou negativas a partir da avaliação de sucesso ou insucesso resultante da implementação da estratégia. A compreensão do coping na psicologia da saúde é importante por considerar os aspectos psicológicos do estresse e relaciona-los a muitos quadros de saúde física e mental. Dessa forma, entender os mecanismos de enfrentamento ao estresse (coping) pode auxiliar na compreensão da forma como o indivíduo gerencia o seus conflitos.





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