Vulnerabilidade ao estresse, coping e burnout em educadoras de infância

Capelo, M. R. T. F. (2017). Vulnerabilidade ao estresse, coping e burnout em educadoras de infância portuguesas. Educar em Revista, (64), 155-169. doi: 10.1590/0104-4060.49793

Resenhado por Lizandra Soares

    Na modernidade, o trabalhador passa cerca de oito horas do seu dia trabalhando. Acrescido a isso, são mais duas horas de almoço e cerca de duas horas de deslocamento. Ou seja, o homem moderno passa grande parte do seu tempo a disposição de suas atividades laborais. O trabalho é o ambiente no qual o indivíduo concentra a maioria de suas relações sociais e interações, sendo também o ambiente ao qual está mais exposto a níveis de estresse que podem provocar problemas de saúde física e mental. A Síndrome de Burnout se caracteriza pelo esgotamento mental e físico em função de altos níveis de estresse vivenciados no âmbito organizacional. Assim sendo, o estresse no trabalho tem se mostrado um fator de adoecimento, necessitando de estudos a cerca dessa temática.

    O estresse é compreendido como a resposta fisiológica do organismo frente a uma demanda que ultrapassa a capacidade atual para manejar eventos. Pessoas vulneráveis aos efeitos do estresse podem apresentar pouca capacidade autoafirmativa, baixa tolerância à frustração, dificuldade em confrontar e resolver problemas, preocupação excessiva pelos acontecimentos quotidianos e elevada emocionalidade. Os esforços cognitivos e comportamentais realizados pelo indivíduo para enfrentar o estresse interno e externo é concebido como estratégias de coping. Trata-se de um fenômeno adaptativo que contribui para a sobrevivência dos organismos e adaptação aos eventos da vida. Ele pode ser focado no problema ou nas emoções, ou ainda na interação social.

    O objetivo do estudo foi analisar a relação entre vulnerabilidade ao estresse, estratégias de coping e burnout em educadoras infantis portugueses. Foi realizado por meio de um desenho quantitativo e transversal com uma amostra de 119 educadoras de crianças portuguesas. Os instrumentos utilizados foram o Questionário de Vulnerabilidade ao Estresse, o Coping Job Scale e o Maslach Burnout Inventory. 

    Viu-se que, em situações de trabalho, os professores se perceberam como não vulneráveis ao estresse, utilizaram majoritariamente estratégias de coping proativas para lidar com situações indutoras de estresse e apresentaram baixa prevalência de burnout. Além disso, evidenciaram-se associações estatisticamente significativas entre vulnerabilidade ao estresse e as subescalas do burnout (exaustão emocional, despersonalização e realização pessoal); não foram observadas relações estatisticamente significativas entre as estratégias de coping e burnout.

    A compreensão do estresse e das estratégias de coping é importante para a psicologia da saúde, em especial, porque permite a elaboração de estratégias de promoção e prevenção em saúde. Indivíduos capazes de criar estratégias adaptativas frente às demandas cotidianas possuem menor probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental e queixas físicas.



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