Vantagens e desvantagens da terapia de exposição virtual para o transtorno de estresse pós-traumático


Barbosa, M., Valle, L. P, Moura, T. C, & Kristensen, C. H. (2018). Vantagens e desvantagens da terapia de exposição virtual para o transtorno de estresse pós-traumático. Revista Brasileira de Psicoterapia, 20(1), 81-94. https://doi.org/10.5935/2318-0404.20180008

Resenhado por Kelyane Sousa 

Nas últimas décadas, a Terapia de Exposição Virtual (TEV) vem sendo testada com bons resultados no tratamento do Transtorno Estresse Pós-Traumático (TEPT). Esse tipo de intervenção tem como ferramenta a Realidade Virtual (RV), que pode ser utilizada para avaliação e modificação de cognições, emoções e comportamentos, já que o ambiente virtual permite um bom controle sobre os estímulos e interação dos pacientes com contextos complexos. Dessa forma, é realizada a Terapia de Exposição Prolongada (TEP) com a finalidade de reduzir a ansiedade pareada com estímulos relacionados ao trauma e alcançar a reestruturação da memória traumática.

O TEPT é uma psicopatologia que ocorre posteriormente à exposição a um evento traumático diretamente experienciado, testemunhado, através do recebimento de informações sobre eventos traumáticos ocorridos com pessoas próximas de forma violenta ou acidental ou, ainda, através de exposições repetidas a detalhes aversivos de eventos traumáticos. É caracterizado por sintomas intrusivos relacionados ao evento como pensamentos, sonhos, reações dissociativas e sofrimento intenso, evitação de estímulos associados ao trauma, alterações negativas na cognição e no humor, na excitação e na reatividade fisiológica.

O objetivo desse estudo foi avaliar vantagens e desvantagens do uso da realidade virtual em comparação com outras técnicas que também se mostraram eficazes para tratar o TEPT, como a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). A TCC tem se mostrado eficaz no tratamento do TEPT através da modificação de representações mentais que se mostrem distorcidas e do enfrentamento dos sintomas de evitação que são responsáveis pela manutenção do transtorno. Entretanto, estudos apontam que apesar da sua eficácia para o TEPT, existe um número significativo de casos que podem ser considerados refratários ao tratamento ou que o abandonam antes do seu término.

O uso da RV para o tratamento de TEPT provoca a potencialização da percepção da pessoa ao favorecer uma interação com o ambiente através de estímulos sensórios contínuos. Para que isso ocorra, o paciente deve perceber-se parte do cenário, como se estivesse em um ambiente real. Quanto mais fontes de informação (imagens, sons, cheiros, movimento) e possibilidades de interação com o ambiente virtual forem apresentadas, maior será o grau de ativação de respostas cognitivas e emocionais. O paciente é submetido a estímulos evocadores de ansiedade, aumentando, de forma gradual, a intensidade de ansiedade provocada, enquanto o mesmo se habitua a ansiedade despertada. A RV é utilizada como um sistema imaginário avançado e pode ser aplicada de forma isolada ou somada a técnicas de reestruturação cognitiva e relaxamento.

As principais vantagens para o uso desse recurso são: o aumento da motivação dos pacientes em participar deste formato de tratamento, a ausência de necessidade do uso da imaginação para ativação das respostas emocionais relacionadas ao trauma e realização da exposição em ambiente seguro. Em contrapartida, os aspectos elencados como desvantagens foram atrelados à recursos tecnológicos que, por sua vez, vêm sendo superados através da modernização e desenvolvimento de novos softwares. Para a psicologia da saúde, o uso da RV é de suma importância e merece atenção de pesquisas empíricas, visto que seu uso pode inferir na velocidade de resposta aos tratamentos, maior adesão principalmente pelo público jovem e, ainda, se apresenta como um recurso que surge para modernizar e potencializar a atuação do psicólogo diante dos casos de traumas.



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