A pesquisa em prevenção em saúde mental no Brasil: A perspectiva de especialistas
Abreu, S., & Murta, S. G. (2018). A pesquisa em prevenção em saúde mental no Brasil: A perspectiva de especialistas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 34, e34413. https://doi.org/10.1590/0102.3772e34413
Resenhado por Brenda Fernanda
A prevenção primária em saúde mental diz respeito à realização de ações que visam a minimizar ou impedir o surgimento de transtornos específicos. Alguns fatores de risco para a saúde mental podem ser apontados, a exemplo de condições socioeconômicas precárias, desemprego, baixa escolaridade, rede de suporte enfraquecida, moradia insegura, trabalho informal, estressores laborais e falta de acesso aos bens de consumo. Considerando que a prevenção é um aspecto fundamental para índices positivos de saúde mental da população, é importante conhecer a opinião de pesquisadores atuantes na área, a fim de se levantar subsídios para agendas de trabalho que busquem o avanço das práticas de pesquisa e ensino no Brasil. Para tanto, o objetivo do presente estudo foi descrever a perspectiva dos especialistas sobre a pesquisa em prevenção em saúde mental no Brasil.
Participaram 10 pesquisadores brasileiros que apresentavam publicações contínuas em prevenção em saúde mental. Tratou-se de um estudo descritivo, no qual foram realizadas entrevistas com os participantes. O conteúdo das entrevistas foi organizado em seis eixos temáticos: história profissional relacionada à prevenção; ciclo da pesquisa em prevenção; recursos pessoais e profissionais para se tornarem referências na área; formação e competências necessárias para atuar com prevenção; desafios e estratégias de enfrentamento para a prevenção em saúde mental no Brasil; e agenda de pesquisa para a área.
A história dos pesquisadores com a prevenção em saúde mental foi marcada pela inquietação com o modelo tradicional de saúde e de psicologia. O início das discussões sobre a temática no Brasil é similar ao vivenciado em outros países, fortemente atrelado ao conceito de justiça social. No que diz respeito ao ciclo da pesquisa, os participantes apontam que, no Brasil, a prevenção em saúde mental acontece de forma “artesanal” e difere do proposto pela literatura, principalmente pela necessidade da validação de instrumentos e estudo piloto. Quantos aos recursos para construção de carreira na área, foram destacados a paixão pela temática estudada, dedicação, resiliência, resistência à frustação e habilidades em gestão. Foram citados também recursos educacionais e ocupacionais, bem como os recursos ambientais. Em relação à formação necessária, destaca-se a importância da metodologia científica, estatística, métodos de avaliação e psicologia baseada em evidências. Quanto aos desafios e perspectivas, cita-se o acúmulo de funções dos professores-pesquisadores e a falta de suporte e recursos.
Por fim, no que concerne à agenda de pesquisa em prevenção de saúde mental no Brasil, três pontos são fundamentais: a implementação e avaliação de programas preventivos, a formalização da área de prevenção em saúde mental e a disseminação das intervenções. A área da psicologia da saúde se encontra intrinsecamente relacionada à prevenção em saúde mental, de modo que todos os pontos aqui apresentados também são válidos para o estudos e pesquisas da psicologia da saúde.
Nenhum comentário: