O que funciona para adolescentes com transtorno de personalidade borderline: Em direção a uma compreensão informada sobre o desenvolvimento e modelo de tratamento estruturado

 

Bo, S., Vilmar, J. W., Jensen, S. L., Jørgensen, M. S., Kongerslev, M., Lind, M., & Fonagy, P. (2021). What works for adolescents with borderline personality disorder: Towards a developmentally informed understanding and structured treatment model. Current opinion in Psychology37, 7-12. https://doi.org/10.1016/j.copsyc.2020.06.008

Resenhado por Maísa Carvalho

O transtorno de personalidade borderline (TPB) é uma condição psiquiátrica marcada por componentes interiores (sentimentos de vazio, medo de ser abandonado), externos (impulsividade, instabilidade nas relações interpessoais, presença de comportamentos suicidas e de automutilação) e emocionais (instabilidade afetiva e inapropriada, raiva intensa). Na adolescência, o TPB surge por volta dos 14-17 anos de idade, sendo esse período do desenvolvimento normalmente marcado por características que são associadas ao TPB, como instabilidade dos afetos, raiva e impulsividade, mas, em adolescentes que não desenvolverão esse transtorno, são dissipadas com o passar do tempo. Logo, o presente estudo objetivou discorrer sobre recentes achados acerca do tratamento dessa psicopatologia em adolescentes e o que um modelo de tratamento deveria ter com base nas características dessa população.

Tratamentos baseados em evidências para adolescentes com TPB: Quais as evidências?

Pesquisas recentes mostram que o diagnóstico em adolescentes é válido e confiável, que a prevalência do transtorno é a mesma ou ainda maior em comparação aos adultos, que essa condição é marcada por problemas significativos no âmbito social, é associada ao sofrimento individual significativo, demonstra altos índices de comorbidades (por exemplo, com depressão e ansiedade) e possui uma carga significativa tanto para a educação quanto para o sistema de saúde. Apesar de existir diferentes tipos de psicoterapias que demonstrem bons resultados para adolescentes com TPB e que nenhuma delas seja considerada padrão ouro para esse público, evidências apontam que a psicoterapia é um elemento fundamental para reduzir os sintomas da doença.

TPB em adolescentes: Desenvolvimento normativo em comparação com o funcionamento adulto

Adolescentes e adultos possuem diferentes características associadas ao desenvolvimento de cada uma dessas fases da vida, portanto, exigem tratamentos diferentes. Diferenças nos estímulos cerebrais, na atenção e no campo social, por exemplo, suscitam diferentes respostas. Estudos indicam que quando a atenção não é restrita, adolescentes são mais sensíveis às propriedades emocionais do que os adultos. Outros indicam que a disposição para se envolver em comportamentos de risco é mais elevada em adolescentes do que em adultos porque aqueles são mais suscetíveis à influência de outrem.

Como utilizar as tendências comportamentais para desenvolver um modelo de tratamento para adolescentes com TPB?

É importante ressaltar que os adolescentes não possuem a mesma capacidade de mentalizar que os adultos. Assim, a psicoterapia para esse público deve evitar intervenções complexas que demandem muita mentalização. Além de um setting terapêutico calmo e estável, a comunicação deve ser clara e precisa a fim de evitar incompreensões. Pesquisas em Psicologia da Saúde são importantes para que se tenham informações sobre a prevalência dessa condição, suas características e como é a adaptação desse público em diferentes áreas da vida. Dessa forma, podem ser desenvolvidas formas de tratamento específicas e eficazes.

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