Redes sociais e suicídio: Uma revisão epidemiológica baseada na tecnologia e na avaliação

 

Resenhado por Luiz Guilherme L. Silva.

Pourmand, A., Roberson, J., Caggiula, A., Monsalve, N., Rahimi, M., & Torres-Llenza, V. (2019). Social media and suicide: A review of technology-based epidemiology and risk assessment. Telemedicine and e-Health25(10), 880-888. https://doi.org/10.1089/tmj.2018.0203

O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos. Dentre as teorias usadas para explicar o fenômeno, a teoria interpessoal-psicológica do suicídio aponta que indivíduos que se sentem isolados, que se consideram um fardo e que têm acesso a meios letais para cometer suicídio são os mais propensos a realizá-lo. Além desses fatores, o histórico de transtornos mentais, abuso de substâncias e histórico familiar de suicídio são agravantes para o risco de suicídio. A tecnologia é uma ferramenta que, a depender do seu uso na avaliação, pode ser utilizada para rastreio e prevenção de mortes decorrente de suicídio. Alguns estudos mostraram que o uso excessivo de redes sociais se correlacionou ao risco de suicídio. Diante disso, o presente texto visa à sumarização dos achados de uma revisão de literatura sobre o suicídio e o uso de redes sociais.

A busca dos artigos que compuseram a revisão foi feita nas bases de dados PubMed e MEDLINE com os descritores ‘‘Social media’’, ‘‘Suicide’’, ‘‘Facebook’’, ‘‘Twitter’’, ‘‘MySpace’’, ‘‘Snapchat’’, ‘‘Ethics’’, ‘‘Digital Media’’ e ‘‘Forums and Blog’’. Um total de 363 artigos foram encontrados e, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, restaram 31 artigos que fizeram parte da revisão.

Os principais achados apontaram que cerca de 84% dos indivíduos que cometeram suicídio são pessoas entre 20 e 30 anos de idade, sendo que a razão para o gênero masculino e feminino foi de 2,3 para 1. Outro achado importante foi sobre a veiculação da morte de um famoso, relatando que o número de suicídios aumentava apenas se a morte desse famoso tivesse grande comoção no Twitter. Uma revisão sistemática apontou que o uso da internet pode ser benéfico ou maléfico em jovens com risco de suicídio e autolesão. Ainda foi encontrado que adolescentes vítimas de bullying tiveram maior interesse em procurar por temas relacionados ao suicídio na internet. Por fim, um fator de risco para o suicídio em jovens coreanos foi a sobrecarga relacionada a atividades acadêmicas.

O suicídio é a maior causa de morte prevenível atualmente. Com o aumento do uso da internet e das redes sociais, o rastreio de indivíduos em risco de suicídio ficou mais fácil e diversas redes encaminham seus usuários a serviços especializados de saúde mental. Contudo, diversos problemas com relação à veiculação de notícias sobre suicídio vêm à tona com a democratização do acesso à informação. Assim, dentre os campos da Psicologia, a Psicologia da Saúde é uma área potencial para planejar a prevenção e a intervenção em tais casos, sobretudo quanto ao uso de redes sociais. Uma das medidas é a restrição da propagação de informações sobre a causa e meios de morte decorrentes de suicídio. Ao fazer isso, são restringidos os dados referentes à morte, bem como é um fator potencial para a redução do efeito de contágio. Entretanto, novos estudos são necessários acerca desse tema, sobretudo associando o uso de redes sociais e internet como formas de intervenção.

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