Saúde mental em estudantes universitários durante a pandemia COVID-19
Teodoro, M., Alvares, J., Peixoto, C.
B., Pereira, E., G., Diniz, M. L. N., Freitas, S. K. P., Ribeiro, P. C. C.,
Gomes, C. M. A, & Mansur-Alves, M. (2021). Mental health in college
students during COVID-19 pandemic. Revista
Família Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social 9(2), 372-382. https://doi.org/10.18554/refacs.v9i2.5409
Resenhado por Kelyane
Sousa
A pandemia de COVID-19 foi declarada em
março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, desde então, diversas
medidas como ampliação de assistência em saúde e quarentena foram estabelecidas
na tentativa de conter o novo coronavírus. Entretanto, o impacto da COVID-19
ultrapassa questões físicas e econômicas e abarca também consequências na
esfera da saúde mental causando prejuízos como ansiedade, depressão e estresse.
Pesquisas apontam a relação entre os efeitos econômicos da pandemia, suporte
social e sintomas de ansiedade. Perdas econômicas e financeiras, frustração e
informações inadequadas são aspectos estressores no enfrentamento à pandemia.
Adicionalmente, aspectos individuais que estavam presentes antes da pandemia,
como histórico de doenças psiquiátricas e traços de personalidade, também estão
relacionados a um aumento nos níveis de estresse e ansiedade durante esse
período.
Com o objetivo de investigar a saúde
mental (ansiedade, depressão e estresse) em estudantes universitários durante o
estágio inicial de quarentena no Brasil, os pesquisadores desse estudo
realizaram um levantamento online acerca da percepção sobre a COVID-19, quarentena, traços de personalidade,
ideação suicida e saúde mental (Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse). Assim,
nessa pesquisa, participaram 1957 estudantes de graduação, mestrado e
doutorado, dos quais 73,30% foram mulheres, com idade entre 18 e 40 anos (M = 26,40). Foram utilizados os seguintes
instrumentos: Questionário sobre a
percepção de COVID-19, Escala de depressão, ansiedade e estresse-21 (DASS-21), The Big Five Inventory 15 (versão
brasileira, IGFP-5), Questionário de Regulação da Emoção (ERQ), Escala de
Satisfação com a Vida (SWLS) e Inventário de Frequência de Ideação Suicida
(FSII).
Os resultados apontaram piores escores
de saúde mental associados aos seguintes grupos: elementos pré-quarentena, como
altos níveis de neuroticismo e condições médicas (números de doenças e uso de
ansiolítico) relacionadas com o grupo de risco para COVID-19; ter tido ideação
suicida nos últimos 12 meses e apresentar sentimentos como desesperança,
fracasso e frustração; ser mulher e ter queda financeira após o início da pandemia;
e preocupações com o impacto da doença na vida e o medo da infecção. Para os autores, tais fatores podem ser
combinados de diferentes maneiras e produzir efeitos maior ou menor em termos
de sofrimento metal e que devem ser considerados tanto as vulnerabilidades
quanto a percepção da pandemia para evitar uma compreensão parcial da situação.
Para a psicologia da saúde é primordial conhecer os impactos da pandemia na população visto que enfrentamos uma situação sem precedentes na história da humanidade. Os efeitos na saúde mental causados pela pandemia de COVID-19 são esperados, porém não se sabe ainda a intensidade do sofrimento que ela causará. É necessário lidar com tal situação ao mesmo tempo que ainda lidamos com a circulação do vírus. Dessa forma, é imprescindível pensar em ações práticas que reduzam os prejuízos à saúde mental levando em consideração as inúmeras combinações de diferentes fatores de vulnerabilidade que afetam os diversos grupos de pessoas.
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