Uso terapêutico e preventivo de videogames com crianças e adolescentes

 

Zayeni, D., Raynaud, J.-P., & Revet, A. (2020). Therapeutic and preventive use of video games in child and adolescent psychiatry: A systematic review. Frontiers in Psychiatry, 11. https://doi.org/10.3389/fpsyt.2020.00036 

           

Resenhado por Giulia

 

            Existe um corpo crescente de evidências que apontam os videogames como uma ferramenta lúdica acessível e eficaz de intervenção psicoterapêutica com crianças e adolescentes, sendo capaz de aumentar a motivação para o tratamento, bem como ajudar a manter a atenção durante as sessões, o que proporciona um processo menos intrusivo e agradável para esse público. Os videogames podem ser implementados na psicoeducação, prevenção e tratamento de diversas condições de saúde e reabilitação.

            Teorias do desenvolvimento enfatizam que a brincadeira é um meio fundamental para crianças aprenderem através da experimentação com diferentes experiências sociais e consequências emocionais ou reprodução de conflitos cotidianos que incentivam a busca por resoluções ideais. Portanto, o uso de videogames no ambiente terapêutico pode ser uma alternativa para ensinar crianças modos de superar obstáculos da vida real, como sentimentos de frustração, raiva e ansiedade. Já existem videogames desenvolvidos com o propósito de auxiliar no aprendizado e desenvolvimento de habilidades que podem ser utilizadas no cotidiano. Esses videogames criam um ambiente significativo de imersão em cenários que podem ser utilizados para ensinar objetivos, novos conhecimentos e regras, além de estimular as funções cognitivas através de tarefas gradualmente mais exigentes, ao mesmo tempo em que mantêm o entretenimento do jogador/paciente. Há também a inclusão de teorias da aprendizagem e técnicas terapêuticas baseadas em evidências da terapia cognitivo-comportamental, remediação cognitiva e teorias neuropsicológicas. Assim, é criado o contexto ideal para o aprendizado e aquisição de habilidades.

            Vários videogames têm sido desenvolvidos para lidar com sintomas de transtornos comuns em crianças e adolescentes. Pesquisas mostram, dentre outros efeitos, substanciais melhorias na atenção, memória, habilidades matemáticas e de leitura, regulação emocional, autoeficácia, comportamento pró-social, além de maior qualidade de vida e diminuição de sintomas depressivos e ansiosos.                                                          

            Os videogames têm se mostrado como uma inovadora e valiosa alternativa para o treinamento de funções emocionais e cognitivas em crianças e adolescentes, principalmente por sua dimensão lúdica que tende a exercer atração sobre esse público. É do interesse da Psicologia da Saúde criar e aplicar estratégias interventivas envolvendo videogames que consigam manter o interesse e engajamento dos pacientes, melhorando as possibilidades de prognóstico, bem como aprimorar as propostas de tratamento já desenvolvidas nesse campo.

 

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