Autoavaliação de saúde por pacientes em hemodiálise no Sistema Único de Saúde

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Moreira, T. R., Giatti, L., Cesar, C. C., Andrade, E. I. G., Acurcio, F. D. A., & Cherchiglia, M. L. (2016). Autoavaliação de saúde por pacientes em hemodiálise no Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública50(10), 1-11. https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2016050005885

 

Resenhado por Júlia Nunes Cardoso

A autoavaliação de saúde é uma medida subjetiva, abrangente e robusta de saúde, considerada forte preditora de incapacidade. O contexto em que o indivíduo vive pode influenciar sua autoavaliação de saúde. Entre os fatores associados à pior autoavaliação de saúde estão características sociodemográficas como sexo feminino, idade avançada, e menores níveis de escolaridade e de renda, assim como, comportamentos não saudáveis, presença de condições objetivas de saúde, incapacidade funcional e aspectos psicossociais como isolamento social. A presença de doenças crônicas influencia diretamente a autoavaliação de saúde, e a prevalência de autoavaliação ruim cresce à medida que aumenta o número de doenças referidas.

A doença renal crônica é um problema de saúde pública caracterizado por alta morbidade e mortalidade, com impacto econômico, social, pessoal e para o sistema de saúde. Pacientes com doença renal crônica que desenvolvem o estágio final da doença necessitam hemodiálise para o restante da vida ou de transplante renal. A qualidade e o desempenho dos serviços de diálise são fundamentais para manutenção da melhor condição clínica dos pacientes. Por isso, as características dos serviços de diálise influenciam a qualidade de vida dos pacientes em tratamento e os seus resultados, como a redução da taxa de ureia após a sessão de hemodiálise, o controle da anemia e o tempo de sobrevida.

Considerando esse cenário, juntamente a carência de estudos avaliando a associação entre autoavaliação de saúde e doença renal crônica, foi feito um estudo transversal com objetivo de analisar se o nível de complexidade de estrutura dos serviços e características sociodemográficas e clínicas de pacientes em hemodiálise estão associados à prevalência de autoavaliação de saúde ruim. Participaram do estudo 1621 indivíduos, alocados em 81 serviços de diálise no país. Entre eles, 54,5% relataram autoavaliação da saúde ruim. A chance de autoavaliação de saúde ruim aumentou com a idade e foi mais alta entre os que gastavam mais de 60 minutos no trajeto de casa até o serviço de diálise do que aqueles que gastavam menos de 20 minutos. A chance de autoavaliação de saúde ruim foi menor em pacientes atendidos em serviços de alto nível de complexidade (OR = 0,67; IC95% 0,53–0,86). Além disso, se o paciente se transfere para um serviço de diálise com condições mais inadequadas de atendimento, o risco de autoavaliar sua saúde como ruim pode aumentar em 48,0%.

Esse foi o primeiro estudo em nível nacional a investigar a prevalência de autoavaliação de saúde ruim em pacientes em hemodiálise e sua associação com características individuais e dos serviços de diálise. Essas iniciativas sobre percepção e avaliação de sistemas de saúde é um campo que cabe a psicologia da saúde aumentar sua produção. Investigar as variáveis que afetam o tratamento de doenças físicas é uma área promissora para o psicólogo da saúde poder propor nos setores, públicos e privados de saúde, intervenções que promovam mais efetividade no tratamento dos quadros.

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