Traços de dependência, instabilidade de humor e inconsequência para discriminação do transtorno da personalidade Borderline
Dependency,
mood instability, and inconsequence traits for discriminating borderline
personality disorder
Carvalho,
L. F., & Pianowski G. (2019). Dependency, mood
instability, and inconsequence traits for discriminating borderline personality
disorder. Trends in Psychiatry and Psychothery, 41(1), 78-82. doi:
10.1590/2237-6089-2018-0010.
Resenhado
por Millena Bahiano
O
transtorno de personalidade Borderline (TPB) é caracterizado pela presença de
instabilidade emocional, sensação de vazio, ansiedade, depressão, impulsividade,
comportamentos autoagressivos, diminuição da autopercepção e comprometimentos
nas relações interpessoais. Acontece que alguns destes sinais também podem ser identificados em pessoas com outros
tipos de transtornos mentais ou, até mesmo, em pessoas que não apresentam
nenhuma perturbação mental. Desse modo, é importante que profissionais
habilitados do campo da saúde mental se utilizem de instrumentos de
rastreamento e avaliação diagnóstica a fim de orientar e tratar corretamente os
pacientes com condição de cuidados psiquiátricos.
O presente estudo foi realizado
no Brasil, com 305 participantes. A amostra foi composta por
pacientes ambulatoriais psiquiátricos com diagnóstico de TPB (n = 30), pacientes ambulatoriais com
diagnósticos de outros transtornos cognitivos (n = 75) e uma amostra da população geral (n = 200). O
objetivo foi investigar
as dimensões e os fatores discriminantes do Inventário Dimensional Clínico da Personalidade 2
(IDCP-2) em pacientes psiquiátricos com e sem diagnóstico de TPB. Para tanto, três dimensões do IDCP-2 foram analisadas: dependência
(autodesvalorização, esquiva do abandono e
insegurança), instabilidade de humor (vulnerabilidade,
preocupação ansiosa e desesperança) e inconsequência (comportamento
imprudente e de riscos).
Dentre os resultados, observou-se que a amostra dos
pacientes com diagnóstico de TPB foi composta em sua maioria por mulheres (83,3%) com idade entre 19 e 56
anos. Os pacientes com outros transtornos cognitivos apresentaram idade entre
19 e 73 anos, a maioria também foi composta por mulheres (76%). Já na população
geral, 95,5% da amostra foi de estudantes de graduação e à média de idade foi
de 24,1 anos. As dimensões de instabilidade de humor, dependência e
inconsequência/comportamento imprudente do IDCP-2 foram capazes de distinguir o
grupo dos pacientes diagnosticados com TPB da amostra comunitária, mas não
foram capazes de diferenciar o grupo TPB do grupo sem diagnóstico de TPB. Os
autores pontuaram que esses resultados podem se relacionar com o fato dos
traços do TPB serem um indicador da gravidade do comprometimento da
personalidade, aproximando esses grupos psiquiátricos com base na
gravidade. No estudo, o grupo dos pacientes com TPB apresentaram as
maiores médias e os fatores relacionados à
instabilidade de humor foram os mais discriminativos quando comparados aos outros grupos da pesquisa.
Por fim, espera-se que o uso de instrumentos para
a avaliação e compreensão das características psicopatológicas da personalidade
sejam cada vez mais utilizados por psicólogos e psiquiatras. A partir do
conhecimento das variáveis que se atrelam ao comportamento do paciente psiquiátrico
é possível que psicólogos da saúde e demais profissionais do campo da saúde
mental possam intervir e auxiliar precocemente o paciente psiquiátrico no
processo de enfrentamento e, também, no melhor ajustamento psicológico frente ao
adoecimento mental.
Nenhum comentário: