Resiliência e Estresse: Revisão Narrativa e Aproximações Teóricas


Resenhado por Mariana Menezes

Faro, A., Pereira, M., & Lima, M. Resiliência e Estresse: Revisão Narrativa e Aproximações Teóricas. Em Actas do 9 Congresso Nacional de Psicologia da Saúde. Lisboa (Portugal), Fevereiro de 2012, Placebo: Lisboa (440-446).

O conceito de resiliência é novo e muito útil no que diz respeito aos estudos sobre adaptação positiva, eventos estressores e manejo do estresse. Porém sua utilidade é pouco estudada e possui abordagens diversas. A resiliência pode ser tomada como um mecanismo psicológico que ajuda o indivíduo a superar as adversidades do ambiente estressógeno em que vive, promovendo um desfecho positivo para ele. Desta maneira, a resiliência pode ser compreendida como componente personológico, disposicional e estável.
A resiliência também pode ser entendida como o reflexo de um desenvolvimento normal em um indivíduo que apesar de seu histórico de riscos durante a vida, demonstra um bom nível de adaptação ao seu ambiente, condição que entre outros sujeitos causaria traumas psicológicos importantes. Além disso, é observada, a habilidade de se adaptar às situações estressoras, transmitindo a existência de recursos internos e externos flexíveis que favorecem a manutenção do ajustamento ao ambiente, boa inserção social e bem-estar subjetivo.
Pensar a resiliência desta maneira, ou seja, como sendo um recurso de ajustamento situacional, formado por aspectos aprendidos na história do indivíduo, mas que pode se aperfeiçoar a cada contato com contextos adversos, facilita a compreensão da variabilidade adaptativa intra e interindividual do estresse. A resiliência é um mecanismo psicossocial adaptativo situacional que possui capacidade cumulativa, pois se constrói durante o desenvolvimento do indivíduo e faz a mediação entre o indivíduo e os estressores que lhe acomete. Ela pode ser tida como o processo de aquisição de habilidades de ajustamento e/ou como a resultante transitória deste processo adaptativo.
A resiliência também pode ser entendida como um fator integrante dos mecanismos psicossociais de adaptação e anterior à mobilização de comportamentos adaptativos que visam minimizar o impacto causado pelo estressor. A cada experiência estressora que passamos armazenamos informações sobre estressores e estratégias adaptativas que nos ajudarão em futuras experiências. Esse processo reúne dados a respeito dos meios mais eficazes e que estabelece novos parâmetros comparativos psicológicos, sociais e biológicos para experiências futuras, a resiliência vai se aperfeiçoando.
O sujeito resiliente deve possuir três características: consciência de si e autoestima elevada; consciência da capacidade de auto-eficácia e repertório de modos de resolução de problemas variado. É esperado que os sujeitos resilientes também possuam um alto nível de auto-eficácia, locus de controle interno, sejam autodirigidos, otimistas, perseverantes e confiantes, tenham habilidade de resolver problemas e sejam flexíveis. Essas características promovem uma melhor adaptação a situações estressoras inespecíficas, produção de afeto positivo e estratégias adequadas para lidar com o estresse.
A resiliência indica quantos e quais recursos adaptativos o sujeito deve mobilizar para lidar com o evento estressor. Ela age como um filtro intermediário entre a percepção e o estresse ativando conteúdos cognitivos-emocionais que tentam fornecer os meios disponíveis ao sujeito na busca por alcançar o melhor nível de ajustamento possível. Ela atua como um fator antecipatório ao processo de percepção, avaliação e interpretação do estímulo estressógeno.
Alguns autores acreditam que ela pode variar a depender do contexto psicossocial dos indivíduos na produção do estresse. Outros não encontram relevância nesta relação entre contexto psicossocial, resiliência e estresse. Portanto, alguns autores sugerem que seja feita uma análise mais acurada da relação interativa da resiliência e outros mecanismos psicossociais de adaptação na produção de desfechos sobre a saúde.

A presente leitura é importante para aqueles que desejam realizar estudos que envolvam o processo de resiliência, especialmente estudos sobre estresse e adaptação. Os profissionais da área da saúde devem se mostrar interessados pelo tema, tendo em vista que a resiliência é muito importante para compreender a relação saúde-doença. Estes profissionais, principalmente os psicólogos, necessitam entender como as pessoas lidam com os estressores a que são expostos.

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