A relação entre o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), autoestima e ansiedade pré-teste (TA) em jovens adultos.


Resenhado por Lucila Moraes

Dan, O., & Raz, S. (2012). The Relationships Among ADHD, Self-Esteem, and Test Anxiety in Young Adults. Journal of Attention Disorders XX(X) 1-9.

O estudo tem como objetivo investigar a relação entre TDAH, autoestima e três subescalas que mensuram a TA em jovens adultos, que são: Obstrução cognitiva, diminuição social, e tensão.
Estudos recentes confirmam que 33% das crianças e jovens universitários sofrem, em algum grau, de ansiedade antes da realização de um teste (TA). A TA é uma reação específica em situações de exame, em que o sujeito está sendo ou se sente avaliado de alguma forma. Os sintomas da TA podem ser divididos em três grandes facetas: obstrução cognitiva, expressa como incapacidade de pensar a todo seu potencial antes ou durante um teste; diminuição social, ou ainda, o medo de ser julgado negativamente por outras pessoas, seguido pelo medo de falhar no teste; e tensão, percebido através da excitação física e psicológica. Os fatores que podem influenciar a TA podem ser tanto do tipo ambiental (relacionamento do aluno-professor ou exigências familiares, etc.), bem como do tipo individual (tendência a ser perfeccionista, tendência à ansiedade, etc.). Outra correlação da ansiedade é a dificuldade de aprendizagem, já que estudos comprovam que estudantes que possuem problemas em aprender determinado(s) assunto(s) apresentaram maior TA se comparados com aqueles que não possuíam tão disfunção.
 O conceito de autoestima se refere à avaliação que uma pessoa faz de si, ou atitude adotada em relação si mesmo. Em um estudo de meta-análise, feito com nove mil participantes, se obteve uma considerável relação inversa entre autoestima e TA. Além disso, apesar de se ter comprovado que a autoestima é um fator causal da TA, a relação entre ambos se dá provavelmente de forma bidirecional, ou seja, se espera que os dois estejam intimamente entrelaçados e que possuam um impacto e desenvolvimento recíproco.
TDAH é uma doença neuropsiquiátrica e seus principais variam de acordo com o tipo específico de TDAH, mas sempre incluem uma história de inabilidade de manter a atenção, bem como comportamento hiperativo e impulsivo. Dessa forma, o TDAH pode ser prejudicial tanto para realização de tarefas do cotidiano como para a qualidade de vida do sujeito de uma forma geral afetando vários aspectos de sua vida, que são associados também ao fracasso acadêmico e crescente risco de desenvolver uma baixa autoestima. Estudos também confirmam que a TDAH contribui para um mau desempenho em testes (afetando sua capacidade de leitura e linguagem, contribuindo para o fracasso em testes, problemas cognitivos e o estado de ansiedade).
O presente estudo possui 2 hipóteses principais que foram testadas. A primeira seria que indivíduos com TDAH teriam níveis elevados de TA e baixo níveis de autoestima, quando comparados com os que não possuem TDAH; e a segunda seria que a relação entre a TDAH e TA é mediada pela autoestima. Para isso foram selecionadas 25 mulheres diagnosticadas com TDAH, e 30 mulheres como grupo controle que não possuíam TDAH com idades e escolaridade similares, para responderem um Teste de Desempenho Contínuo Online, um questionário TDAH, um inventário de autoestima e, por fim, responderem um questionário de TA.
Os resultados mostraram que ao comparar os níveis de TA e autoestima entre participantes com e sem TDAH, os primeiros tinham maiores níveis de obstrução cognitiva e de tensão que os do segundo grupo. Além disso, o grupo que tinha TDAH teve maiores níveis de diminuição social e tinham autoestima mais baixa que o do grupo controle (sem TDAH). Outro resultado encontrado foi que a autoestima, de fato, tem um papel de mediador importante entre TDAH e diminuição social, e particularmente, entre a TDAH e a obstrução cognitiva. Apesar disso, o efeito de mediação da autoestima não foi encontrado entre TDAH e tensão.
Por fim, o estudo conseguiu demonstrar a importância da autoestima como forma de mediador entre TDAH e TA, especialmente em ressaltar o papel dominante da autoestima na diminuição social TA. Também foi encontrada, pela primeira vez nesse estudo, uma relação forte entre TDAH e TA e com tais resultados, é possível uma intervenção em estudantes com TDAH, ao encorajá-los a participar de tratamentos específicos para reduzir a TA e aumentar a autoestima, por exemplo, já que se sabe que se tem um efeito direito na TDAH. A leitura desse artigo tem um papel importante na ciência por conseguir estabelecer, pela primeira vez, uma relação forte entre TDAH e TA, contribuindo significantemente para o tratamento de pessoas com tal transtorno e igualmente para melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. 


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