Transtorno de Adaptação (Adjustment Disorder)

Resenhado por Geovanna Souza


Lipp, M. E. N. (2007). Transtorno de adaptação. Boletim Academia Paulista de Psicologia27(1), 72-82.


Este trabalho buscou dissertar acerca do transtorno da adaptação, mais conhecido na literatura como estresse emocional, bem como narrar suas características e evolução na vida dos indivíduos e na literatura científica. Lipp (2007) fala do conceito de adaptação em seu artigo como um estado de desequilíbrio do funcionamento psíquico e orgânico que ocorre quando o organismo necessita utilizar seus recursos psicobiológicos para lidar com eventos que exijam uma ação defensiva. Dessa forma, adaptar-se a um evento estressor é um meio do organismo voltar ao bem estar psicológico e físico que ficou ameaçado frente a um evento negativo. O estresse emocional é desencadeado pela necessidade que o indivíduo tem de lidar e enfrentar àquela ameaça. Quando o indivíduo não consegue abarcar mecanismos de enfrentamento, o organismo do sujeito pode desenvolver consequências negativas para a saúde.
O estresse foi um dos principais fatores que ajudaram o homem a permanecer vivo até hoje, juntamente a essa capacidade adaptativa que possuímos. O transtorno de adaptação/ajustamento é um processo complexo, com componentes psicobioquímicos já geneticamente programados no ser humano desde o seu nascimento, a fim de ajudá-lo a preservar sua vida (p.72).
O estresse tem sido ostensivamente estudado tanto na área da saúde como dentro da Psicologia, uma vez que ocasiona graves consequências a níveis psicológico, social e imunológico. Ele pode provocar um desiquilíbrio psicofísico, deixando o sujeito irritado, mal humorado, apático, podendo ainda ser um fator desencadeador de inúmeras enfermidades, como hipertensão, diabetes, impotência sexual, dentre outras. A pessoa estressada lida mal com as mudanças porque sua habilidade de adaptação está envolvida inteiramente no combate ao stress (p.73).
Lipp também fala que a reação ao estresse pode ser classificada de acordo com seus desencadeadores negativos, enquanto os estressores podem ser classificados como externo, que independem do comportamento do sujeito, e internos, que são determinados pelas próprias ações dos indivíduos.  Vale ressaltar que há características individuais que podem predispor uma pessoa a ter reações negativas frente ao evento estressor, enquanto outra pessoa poderá não desencadear reações..
O estresse pode ser ocupacional (desencadeado no ambiente profissional), infantil (voltado a aspectos da infância), interpessoal (que se dá na relação com outra pessoa), entre outros tipos. Além do tipo do estressor também é necessário se conhecer os critérios diagnósticos, ou seja, saber por exemplo, se ele é agudo (ocorre após um evento traumático e por um tempo limitado) ou crônico (representar uma das fases mais graves do estresse e é provocado por um estado de tensão prolongado que pode levar ao desenvolvimento de várias doenças).
No Brasil, a cada ano vem surgindo mais estudos sobre o tema. Isso acontece porque o processo de adoecimento psicológico está mais presente no dia a dia das pessoas, independente de classe social, raça, etnia, escolaridade, idade ou ocupação. As pessoas precisam saber como desenvolver potenciais positivos para se adaptar aos infortúnios que aparecem rotineiramente. Encerrando, Lipp fala que

a teoria da evolução mostra que, em momentos de grandes mudanças, só sobrevivem os melhores, os mais equipados para lidarem com o que é novo, aqueles que desenvolvem mecanismos de enfrentamento, aqueles que aprendem a viver com a mudança e adaptam-se. Os que não conseguem uma adaptação ao que está ocorrendo ao seu redor não sobrevivem no mundo em mutação constante. Por isso é que se torna tão importante estudar e descobrir métodos de prevenção do transtorno de adaptação (Lipp, 2007, p. 79).


Estando na dimensão biopsicossocial, o estresse acarreta amplos efeitos negativos na vida dos indivíduos, e é em virtude disso que devemos buscar conhecer as facetas desse construto que nos acompanha desde os primórdios, e que nunca nos abandonará. É necessário saber adaptar-se, buscando assim, o equilíbrio entre corpo e mente. Este trabalho vem nos mostrar a importância dessa síndrome e suas principais características dentro da comunidade científica. 

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