Parenting stress in families of children with ADHD: A meta-analysis


Resenhado por Ariane de Brito

Theule, J., Wiener, J., Tannock, R., & Jenkins, J. M. (2013). Parenting stress in families of children with ADHD: A meta-analysis. Journal of Emotional and Behavioral Disorders, 21, 3-17. doi: 10.1177/1063426610387433.

O presente estudo procurou realizar uma meta-análise sobre a relação entre o transtorno de déficit atenção e hiperatividade (TDAH) e estresse parental. Esta metodologia adotada (meta-análise) fornece uma revisão sistemática de estudos sobre a temática em questão.
O TDAH é uma condição crônica, generalizada, caracterizada por desatenção, impulsividade e hiperatividade. O estresse parental é um tipo distinto de estresse que surge quando as percepções do pai/mãe acerca das exigências da parentalidade supera seus recursos para lidar com eles. Apesar do estresse parental ser de alguma forma considerado normal, quando em níveis elevados ele pode afetar a relação pai-filho e afetar negativamente as práticas parentais.
Estudos têm mostrado que famílias com crianças com TDAH apresentam elevações no nível de estresse dos pais. A depressão também tem se mostrado associada com o estresse parental nesta população. A diminuição da qualidade conjugal aparece relacionada com o TDAH. Já o apoio social tem se mostrado como um fator de proteção contra o estresse parental nesta população.
As questões que nortearam o estudo foram: (1) como é ter uma criança com TDAH associado com o estresse dos pais? (2) como é a presença de problemas de conduta em crianças com TDAH associado com o estresse dos pais? (3) como são os fatores parentais associados com o estresse parental em pais de crianças com TDAH? (4) como é o fator contextual de qualidade conjugal associada com o estresse parental em pais de crianças com TDAH? e (5) como os moderadores (metodológicos e amostral) afetam os resultados da relação entre a gravidade do TDAH e o estresse parental?
Como metodologia, uma pesquisa computadorizada foi realizada para localizar estudos relevantes sobre a temática, usando a PsycINFO, ERIC, Medline, Dissertation Abstracts International, e Google Acadêmico. Alguns termos de pesquisa, relacionados com TDAH e estresse parental, e critérios de inclusão também foram utilizados para delimitar a pesquisa e a escolha dos artigos. Um total de 44 relatórios escritos (artigos de periódicos e dissertações) preencheram estes critérios.
De modo geral, os resultados indicaram que o ano de publicação dos relatórios avaliados variou entre 1983 e 2007. A maioria dos estudos foi realizada na América do Norte e utilizaram o Parenting Stress Index (Índice de Estresse Parental) ou uma variante deste para medir o estresse dos pais. Percebeu-se também que alguns estudos utilizaram diferentes critérios diagnósticos para confirmar ou estabelecer o TDAH nas crianças participantes. Os critérios foram retirados principalmente do DSM-IV, DSM-III-R, DSM-III, e CID-10.  
A maior parte dos estudos analisou apenas o estresse parental nas mães. As amostras que tinham pais eram compostas principalmente de mães (85% ou mais da amostra), a menos que as comparações mãe-pai estivessem sendo realizadas. Observou-se ainda que pais/ mães de crianças com TDAH apresentaram significativamente mais estresse parental do que os pais de crianças não-clínicas. Além disso, pais de crianças com TDAH e problemas de conduta experimentaram significativamente mais estresse parental do que aqueles pais de crianças com TDAH, mas sem problemas de conduta.
Sobre os pais e os fatores contextuais, não foram observadas, nos estudos analisados, associações significativas entre qualidade conjugal e estresse parental. Na maioria dos estudos os resultados não alcançaram significância estatística no que se refere à comparação de estresse parental em mães e pais. Isso indica que mães e pais de crianças com TDAH não diferem significativamente em seus relatos de estresse parental.
Em relação à criança, o sexo foi uma variável significativa. O estresse parental apresentou-se menor nas amostras com maiores proporções de meninas. Vale mencionar que, a faixa etária das crianças nas amostras variou de 3 a 12 anos, com uma idade média ​​de 8,48 anos. O percentual de meninas nas amostras em cada estudo variou de 0 a 100%, com uma média de 19,25%.   Já a idade da criança não foi uma variável significativa.
Alguns estudos também compararam pais de crianças com TDAH com os pais de crianças com dificuldades de aprendizagem, autismo, atrasos de desenvolvimento, problemas internalizantes, e distúrbios clínicos inespecíficos. Quanto aos moderadores metodológicos, não houve nenhum significativo.
Essa meta-análise forneceu uma atualização quantitativa dos estudos sobre estresse parental em pais de crianças com TDAH. Como ponto forte do estudo tem-se a inclusão de estudos não publicados. Como limitação, a falta de palavras-chave pesquisáveis ​​para estresse parental nos bancos de dados de artigos relevantes, e a predominância de estudos com mães nas amostras de pais incluídos nesta meta-análise.

Os autores sugerem pesquisas sobre estresse parental com pais de adolescentes com TDAH, já que os participantes de todos os estudos analisados tinham até 12 anos de idade. Contudo, este estudo mostrou-se ser de relevância multidisciplinar. Para os autores, psicólogos, médicos, funcionários da escola e formuladores de políticas precisam ficar cientes do alto nível de estresse dos pais de crianças com TDAH para que medidas necessárias para reduzir esse estresse possam ser tomadas.

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