Sex differences in depression and anxiety disorders: Potential biological determinants
Resenhado
por Rafael Matos
Altemus, M. (2006). Sex differences in depression and anxiety disorders: Potential
biological determinants. Horm Behav 50, 334-338.
O presente texto tem por
objetivo mostrar a existência de determinantes biológicos na incidência e
agravamento da depressão e transtornos de ansiedade levando em consideração
diferenças de gênero.
Estudos realizados têm
demostrado que as mulheres são mais propensas do que os homens a desenvolver
depressão e transtornos de ansiedade, incluindo depressão unipolar, distimia, síndrome do pânico, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno
de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade social
e fobias. Estas diferenças entre os sexos são encontradas em culturas e
países diversos, o que sugere uma base biológica como determinante desta
diferença.
Alguns comportamentos e experiências culturalmente
discrepantes quanto a sua ocorrência em relação ao gênero, tais como: a
subordinação social, maiores taxas de abuso sexual e maior número de submissão
a dietas, todas estas situações mais comuns nas mulheres, podem promover o
desenvolvimento de transtornos afetivos.
Este último comportamento (restrição alimentar) está
relacionado à alteração do neurotransmissor seratoninérgico, que por sua vez está
relacionado à regulação do humor, podendo desta forma aumentar o risco de
depressão em mulheres que fazem dieta.
Um exemplo claro, mostrado no presente artigo, de que fatores
hormonais podem está relacionado com transtornos de humor, está na presença do
Transtorno Disfórico Pré-Menstrual considerado como uma forma agravada da TPM
comum, entretanto com sintomas particularmente graves, envolvendo sempre um componente de humor, e geralmente interferindo
significativamente no funcionamento social e ocupacional das mulheres.
Alterações hormonais como as
sofridas no período pré-menstrual estão relacionadas com o agravamento de
transtornos de ansiedade. Dentre eles, o que sofre maior ampliação de seus
sintomas é o Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Depois do que foi exposto é possível perceber porque as mulheres
apresentam maior incidência de transtornos de ansiedade e depressão comparadas
aos homens, uma vez que fatores hormonais estão intimamente relacionados a
estes transtornos, e as mulheres estão sujeitas a maiores fluxos hormonais
durante a vida do que aqueles.
Nos últimos anos, o
reconhecimento de determinantes biológicos nos transtornos mentais tem
crescido, embora de forma lenta. Isso pode ser compreendido pelo fato de que a
psiquiatria foi à última das especialidades médicas a passar para um sistema
diagnóstico de base biológica, principalmente devido à inacessibilidade do cérebro. Avanços
nesta direção têm aberto um importante caminho para uma análise
minuciosa da fisiopatologia da ansiedade e depressão e de
outros transtornos mentais, e o estudo de diferenças entre sexo tem
desempenhado um enorme papel nesta investigação.
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