COVID-19 e suicídio
Traduzido e adaptado por Amanda Feitosa
A pandemia trouxe novos
estressores para o cotidiano de muitas pessoas, assim como intensificou
problemas já existentes. A perda do emprego, o aumento da violência doméstica e
maior uso de substâncias são alguns exemplos de como esse período pode impactar
na saúde mental das pessoas. Como resultado, há o medo de que os efeitos da
pandemia sejam potencializadores do risco de suicídio, sendo preciso entender
seus impactos no comportamento suicida para encontrar formas eficazes de lidar
com essa situação.
O risco aumentou?
Apesar da mídia divulgar casos
de suicídio que podem estar relacionados ao COVID-19, ainda é muito cedo para
se ter qualquer dado concreto sobre o fenômeno. É importante saber que a
pandemia não irá por si só ocasionar o comportamento suicida, pois esse depende
de uma combinação de fatores biológicos, sociais e psicológicos. Além disso,
profissionais da saúde e os meios de comunicação estão levando informações
relevantes para a população sobre a saúde mental. A divulgação pode ocasionar
maior conhecimento e autopercepção, levando ao manejo de sintomas que venham a
afetar a própria saúde mental.
Como psicólogos podem ajudar?
Primeiramente, é fundamental
que esses profissionais aprendam mais sobre o suicídio e suas técnicas de
prevenção, a fim de que estejam aptos a lidar com os comportamentos,
pensamentos e ideações suicidas decorrentes deste período. Ademais, é preciso
que haja um rastreio em todos os seus pacientes. A atenção deve estar voltada a
todas pessoas, mesmo aquelas que nunca apresentaram dificuldades emocionais que
se relacionaram ao suicídio antes. Ampliar esse nível de atenção a todos é
necessário ao considerar o maior nível de estresse que as pessoas estão experienciando.
O desenvolvimento de um plano
de ação também deve ser pensado entre os psicólogos, o qual incluiria uma lista
de sinais de alerta, estratégias de coping, informações de contato do
psicólogo, assim como de outros profissionais ou amigos a quem o paciente possa
pedir ajuda. É importante que esse plano seja adaptado, considerando as
restrições impostas pela pandemia. Outro ponto relevante é a necessidade de
conhecer e seguir as diretrizes para atendimentos online. Muitos psicoterapeutas
não eram adeptos da modalidade não-presencial de atendimento antes da pandemia,
assim, há o receio de alguns sobre seu uso com pacientes potencialmente suicidas.
Estar fisicamente distante não necessariamente irá aumentar o risco do
paciente. Assim, o maior conhecimento acerca dos teleatendimentos pode
facilitar que os profissionais tenham melhores práticas de saúde no manejo do
comportamento suicida.
Por fim, a educação dos
pacientes, seus familiares e do público em geral é essencial. O alerta acerca dos
sinais de risco do suicídio pode manter aquelas pessoas em situação vulnerável
em segurança, além de prover o cuidado que elas precisam. Portanto, os
psicólogos devem advogar sobre os cuidados de saúde, seja através da divulgação
de informações sobre saúde mental, como também da necessidade de atender
populações menos privilegiadas, as quais são afetadas desproporcionalmente pela
pandemia.
Fonte: https://www.apa.org/monitor/2020/06/covid-suicide
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