O surto do novo coronavírus: amplificação das consequências de saúde pública pela exposição da mídia
Garfin, D. R., Silver, R. C., & Holman, E. A. (2020). The novel
coronavirus (COVID-2019) outbreak: Amplification of public health consequences
by media exposure. Health Psychology. doi: 10.1037/hea0000875
Resenhado por Maísa Carvalho
O novo
coronavírus (COVID-19) é uma doença causada pelo vírus SARS-CoV-2, que pode
originar desde infecções assintomáticas até quadros graves de insuficiência
respiratória. Os primeiros casos do vírus foram registrados na China ao final
de 2019 e rapidamente se tornou uma pandemia global, ocasionando danos expressivos
nas esferas social, econômica e de saúde. Em decorrência do desconhecimento
acerca de métodos preventivos e eficazes, a exemplo de medicamentos e vacinas,
cientistas e autoridades competentes constantemente informam à população sobre
medidas preventivas para conter a transmissão do vírus. Não obstante,
percebem-se efeitos físicos e psicológicos adversos provenientes da massiva
exposição à mídia, como distresse e aumento de ansiedade, que podem gerar
comportamentos de autocuidado desproporcionais à ameaça real; sobrecarregando
os serviços de saúde que já se encontram em estado crítico.
Em
crises de saúde, em que sentimentos de incerteza perante o futuro se tornam
mais frequentes, as pessoas tendem a buscar notícias e informações sobre as
situações que vivenciam. Logo, a mídia ganha um papel ainda mais imprescindível
para divulgar dados de cunho crítico, com embasamento científico e
recomendações que possam vir a auxiliar a população a adotar hábitos de
enfrentamento saudáveis. Estudos que analisaram os desfechos em saúde
provenientes de outras crises – como o surto de H1N1, o 11 de setembro e
ataques com mortes em massa – mostraram que a inexistência de informações
oficiais gerou a proliferação de notícias falsas, ocasionando estresse e
aumento de sintomatologia ansiosa.
No
entanto, o consumo excessivo de notícias concernentes a cenários desfavoráveis também
está associado ao aumento de estresse e reações desproporcionais. Pesquisas sobre
epidemias anteriores apontaram que o tipo e a quantidade de informações afetam
toda a comunidade, alimentando um ciclo de contágio emocional. Observa-se uma
repercussão semelhante na pandemia do novo coronavírus, visto que mesmo em
locais onde não é percebida uma alta incidência da doença, as pessoas estocam
alimentos e adquirem equipamentos de proteção individual, colocando em risco pessoas
que realmente necessitam, como profissionais de saúde. Além disso, percebe-se
que os efeitos na saúde física em decorrência do estresse também estão
relacionados a uma maior exposição à doença, pois muitas vezes geram a
necessidade de atendimento médico.
Diante
do exposto, é imperativo que a mídia divulgue o máximo de notícias com
acurácia, assiduidade e responsabilidade social; desprovida de elementos
sensacionalistas e imagens que não representem a realidade. O uso de redes
sociais como Instagram, Facebook, Twitter, dentre outras, vem sendo percebido como um aliado
importante na disseminação de informações sobre comportamentos de autocuidado em
saúde mental recomendados pelo meio científico e autoridades competentes, a
exemplo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde (MS) e
Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Essas estratégias podem ser
capazes de proporcionar alívio mental, bem como instigam as pessoas a
compreender sinais de alerta e buscar ajuda quando necessário.
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