Qualidade de vida no início da doença de Alzheimer: O papel moderador da família e das estratégias de enfrentamento sob a perspectiva do paciente
Lima, S., Sevilha, S., & Pereira, M. G. (2020). Quality of life in early‐stage
Alzheimer's disease: the moderator role of family variables and coping
strategies from the patients' perspective. Psychogeriatrics. doi:10.1111/psyg.12544
Resenhado por Luiz Guilherme L.
Silva.
O
aumento da qualidade de vida tem proporcionado a um maior número de pessoas a
chegada à velhice. Com esse aumento, a demência se tornou um problema mundial por
conta da sua alta prevalência e do seu impacto na vida dessas pessoas e suas
famílias. A demência associada a doença de Alzheimer (DA) – doença
neurodegenerativa caracterizada por deterioração cognitiva, agnosia, apraxia e perda
das funções executivas – é a forma mais
comum. Transtornos ansiosos e depressivos têm efeito negativo na qualidade de
vida afetando o funcionamento familiar e dificultando atividades rotineiras.
Apesar de não haver consenso em relação ao impacto da depressão na demência,
diversos estudos a consideram um fator de risco para DA. Deste modo, o estudo
focou na qualidade de vida dos pacientes em estágio inicial da DA quando eles
ainda tinham consciência de suas perdas cognitivas e funcionais.
O
estudo de delineamento longitudinal teve sua amostra constituída por 158
participantes portugueses com DA em estágio inicial tendo como base diagnóstica
o DSM-V. Para mensuração da qualidade de vida, foi aplicado questionário
sociodemográfico para coletar dados sobre idade, gênero, estado civil, educação
e frequência de exercício, a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS),
o Questionário de Estilos de Coping,
o Questionário de Atitudes Religiosas relacionadas ao Adoecimento, a Escala de
Adaptabilidade Familiar e Coesão, a Escala de Satisfação Familiar, a Escala de
Comunicação Familiar, o Índice de Barthel usado para mensurar a independência
do paciente e a Escala de Qualidade de Vida na Doença de Alzheimer.
O
estudo mostrou que ser do gênero masculino estava associado e contribuiu para
uma melhor qualidade de vida, corroborando estudos anteriores. Este resultado
está de acordo com a literatura, visto que o gênero feminino tem maior
expectativa de vida, maior incidência de DA e neurodegeneração mais rápida
especialmente em mulheres após a menopausa. Dentre os pacientes com DA, a maior
frequência de exercício contribuiu para uma melhor qualidade de vida e esteve
associada com comunicação e satisfação familiar. Outros estudos ressaltaram que
a prática de exercícios físicos ajudam a mitigar os efeitos da DA, assim como
retardar o aparecimento e progressão dos sintomas. Também foi encontrado que
declínio cognitivo e funcionalidade estavam associados a qualidade de vida. As
variáveis relativas à família foram associadas positivamente com a qualidade de
vida do paciente, como demonstrado anteriormente pela literatura científica.
Diante
dos dados apresentados pelo estudo em questão, a Psicologia da Saúde tem como
papel promover a saúde de pacientes com DA por meio de mudanças
comportamentais, por exemplo, a adesão aos exercícios físicos e a melhora das
relações interpessoais a fim de contribuir para uma melhor qualidade de vida não
apenas do idoso, bem como da família que também está passando por mudanças na
rotina. Vale ressaltar ainda que, para aqueles que são adeptos a alguma
religião, o incentivo de práticas religiosas pode ajudar no enfrentamento da
doença.
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