Transtorno de ansiedade generalizada, sintomas depressivos e qualidade do sono durante o surto de COVID-19 na China: uma pesquisa transversal baseada na web
Generalized
anxiety disorder, depressive symptoms and sleep quality during COVID-19 outbreak
in China: a web-based cross-sectional survey
Huang,
Y., & Zhao, N. (2020). Generalized anxiety disorder, depressive symptoms and sleep quality
during COVID-19 outbreak in China: a web-based cross-sectional survey. Psychiatry Research, 288. doi:
10.1016/j.psychres.2020.112954
Resenhado por Luana C. Silva-Santos
A COVID-19 se tornou uma das principais
causas de morte, sendo incluída pela Organização Mundial da Saúde como
Emergência de Saúde Pública de interesse internacional. Desde dezembro de 2019,
afetou severamente a China, de onde espalhou-se mundialmente. Além dos danos
físicos, têm sido observados danos à saúde mental da população, principalmente
relacionados à Transtornos Mentais Comuns, como ansiedade e depressão, por
exemplo. Nesse sentido, Huang e Zhao (2020) coletaram dados de 7.236
voluntários via pesquisa transversal online, buscando investigar além de
dados sociodemográficos para fins de caracterização da amostra, o nível de
conhecimento em relação à COVID-19 (tempo diário gasto com foco em informações
sobre a COVID-19 e conhecimento sobre a doença em termos de contágio, período
de incubação do vírus e medicamentos), sintomatologia característica de
ansiedade (pela escala Generalized Anxiety Disorder, a GAD-7) e depressão (pela Center for Epidemiology
Scale for Depression, a CES-D) e qualidade do sono (pela versão chinesa do Pittsburgh
Sleep Quality Index).
Os participantes tinham em média 35 anos [Média
(M) = 35,3; Desvio Padrão (DP) = 5,6], sendo que 54,6%
(n = 3.952) e 31,1% (n = 2.250) eram profissionais da saúde.
Sobre o conhecimento acerca da COVID-19, 43,6% (n = 3.155) passavam pelo
menos três horas diárias com foco em informações sobre o vírus e 78,8% (n =
5.702) tinham bastante conhecimento sobre o tema. A prevalência de
sintomatologia indicativa de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) foi de
35,1% (n = 2.539) e de sintomas depressivos foi de 20,1% (n =
1454). Sobre o sono, 18,2% (n = 1.316) dos participantes não tinham uma
boa qualidade de sono. As pessoas mais jovens relataram uma prevalência
significativamente maior de TAG e sintomas depressivos do que as pessoas mais
velhas. Comparados com outro grupo ocupacional, os profissionais de saúde
apresentaram maior probabilidade de ter má qualidade do sono. A regressão
logística multivariada mostrou que a idade (menor que 35 anos) e o tempo gasto
com foco no COVID-19 (pelo menos 3 horas por dia) foram associados ao TAG e aos
sintomas depressivos e os profissionais de saúde estavam em alto risco para a
má qualidade do sono.
Nesse sentido, o estudo indicou que pessoas
mais jovens, pessoas que passam muito tempo pensando no surto e profissionais
de saúde correm alto risco de desenvolver TMC, o que remete a importância da
vigilância contínua das consequências psicológicas de surtos como o da COVID-19
como parte dos esforços de preparação em todo o mundo.
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