Saúde mental entre sobreviventes e profissionais de saúde expostos ao COVID-19 em Wuhan, China: um estudo transversal


Mental health among COVID-19 survivors and healthcare workers exposed to COVID-19 in Wuhan, China: a cross-sectional study

Chen, B., Wang, Y., Wang, T., Li, C. and Sun, Z., 2020. Mental health among COVID-19 survivors and healthcare workers exposed to COVID-19 in Wuhan, China: a cross-sectional study. In: Health Economics & Outcomes Research. doi:10.21203/rs.3.rs-30351/v1
Postado por Giulia

            Embora a pandemia tenha potencial para gerar uma crise de saúde mental, ainda se sabe pouco sobre os efeitos psicológicos causados pela exposição ao vírus em sobreviventes, cuja incerteza a respeito do prognóstico da doença e ameaça de morte podem gerar problemas sérios como ansiedade, depressão e angústia severa, mesmo após a recuperação. Em profissionais da saúde efeitos parecidos também foram constatados, principalmente por conta da grande pressão, insuficiência de equipamentos de trabalho e sobrecarga de trabalho a que estão submetidos, o que além de afetar seu desempenho no cuidado dos pacientes, também pode ter influência de longa duração em sua saúde geral.
            Por conta do planejamento insatisfatório, falta de comunicação entre os serviços médicos e de saúde mental e escassez de psicólogos e psiquiatras experientes, sobreviventes e profissionais de saúde não adquiriram apoio psicológico suficiente para enfrentar as adversidades da pandemia. Desse modo, no intuito de ter conhecimento sobre os fatores de risco e procurar soluções para os problemas gerados nesses grupos, tornou-se necessário investigar seu quadro de saúde mental. 
Participaram da pesquisa 20 sobreviventes do COVID-19 e 78 profissionais de saúde, sendo eles higienistas e enfermeiros. Foi aplicada uma escala multidimensional de sintomas auto-relatados para estimar o status psicológico dos participantes. A escala composta por 90 itens foi classificada em nove dimensões: somatização, obsessivo-compulsivo, sensibilidade interpessoal, depressão, ansiedade, raiva-hostilidade, fobia, ideação paranóica e psicoticismo.
            Os sobreviventes foram os que apresentaram pontuação mais alta na escala, especialmente nas dimensões de somatização, obsessivo-compulsivo, ansiedade e fobia, seguidos pelos higienistas e por último os enfermeiros. Participantes com menor nível educacional e mulheres também demonstraram maior severidade no estado de saúde mental. Os principais problemas apresentados em todos os participantes foram ansiedade e psicoticismo.
            Suporte psicológico deve ser oferecido imediatamente aos sobreviventes do novo coronavírus, que demonstraram severos problemas de saúde mental. É essencial o estudo desses indivíduos a médio e longo prazo por parte da Psicologia da Saúde, a fim de investigar possíveis efeitos duradouros e desenvolver estratégias de cuidado voltadas para esse grupo.

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