Associações entre autoeficácia e comportamento sedentário: uma meta-análise

 

Resenhado por Susana Santana

 

Szczuka, Z., Banik, A., Abraham, C., Kulis, E. & Luszczynska, A. (2021) Associations between self-efficacy and sedentary behaviour: A meta-analysis, Psychology & Health, 36-3, 271-289, https://doi.org/10.1080/08870446.2020.1784419

 

O comportamento sedentário pode ser definido como qualquer atividade em estado desperto caracterizada por um gasto de energia de 1,5 equivalentes metabólicos (METs), como ficar sentado ou deitado. METs corresponde a uma taxa de esforço que cada atividade possui. Se ficamos uma hora sentados, gastamos 1,5 Mets por Kg corporal. Já numa atividade recreativa de uma hora jogando futebol, gastamos 7,0 Mets por Kg corporal. Em geral, passamos entre 150 e 620 minutos por dia envolvidos em comportamentos sedentários.

Passar tempo excessivo em comportamento sedentário está associado a aumento do risco de mortalidade, ocorrência de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares fatais e não fatais, síndrome metabólica e alguns tipos de câncer em adultos. Entre crianças e adolescentes, o comportamento sedentário está associado à obesidade, aumento da pressão arterial, colesterol total, má condição física, problemas de comportamento social, baixa autoestima e menor rendimento académico.

A autoeficácia é considerada como um fator que prevê a mudança de comportamento na saúde. Ela é definida como as crenças dos indivíduos sobre a sua capacidade de se envolverem em ações necessárias para atingir um objetivo desejado. Pessoas com altos níveis de autoeficácia percebem as tarefas difíceis como desafios a serem dominados, estabelecem objetivos mais ambiciosos, mantêm uma forte motivação, têm um maior sentido de controle sobre situações ameaçadoras e tendem a se recuperar mais rapidamente após retrocessos.

Diante da importância da autoeficácia, o estudo em questão realizou uma revisão sistemática de trabalhos empíricos com o objetivo de sintetizar evidências sobre a relação entre autoeficácia e o tempo gasto em comportamentos sedentários e verificar se tais associações são moderadas pela idade, os tipos de crenças de autoeficácia, os tipos de crenças de comportamento sedentário e/ou medição do comportamento sedentário. Dentre os 26 estudos que atenderam os critérios de inclusão, obtiveram-se os seguintes resultados: foram encontradas associações entre autoeficácia e comportamento sedentário; níveis mais elevados de autoeficácia foram associados a níveis mais baixos de comportamento sedentário; as associações entre autoeficácia e comportamento sedentário podem ser semelhantes em força entre grupos etários e entre diferentes conceitos de autoeficácia.

Para os autores, os resultados fazem alusão a orientações preliminares para futuras intervenções que visem a redução de comportamento sedentário, embora sejam necessárias mais investigações longitudinais. Na perspectiva da Psicologia da Saúde, a compreensão das possíveis crenças sobre bons e maus hábitos de vida pode favorecer o delineamento de intervenções direcionadas, com o intuito de promover a adesão a bons comportamentos de saúde e reduzir o risco de doenças.

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