Um estudo sobre as necessidades de informação em saúde da mulher na idade da menopausa

 Hajesmaeel-Gohari, S., Shafiei, E., Ghasemi, F., & Bahaadinbeigy, K. (2021). A study on women’s health information needs in menopausal age. BMC Women's Health21, 1-9. https://doi.org/10.1186/s12905-021-01582-0

Resenhado por Maísa Carvalho

 

A menopausa é um estágio natural na vida de mulheres de meia idade e pode exercer um impacto significativo na qualidade de vida desse grupo. Esse processo, que tende a se iniciar em média aos 51 anos, é resultante de um cessar da função do ovário folicular e marca o término da menstruação. Além disso, pode ocorrer naturalmente, em decorrência de cirurgias ou por induções médicas. Dentre os efeitos negativos em potencial decorrentes desse período estão o aumento no risco de doenças não comunicáveis ou silenciosas, como diabetes, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e câncer.

 Em decorrência dos riscos e mudanças que ocorrem nesse período, entende-se ser relevante prover informações necessárias às mulheres, especialmente com vistas a reduzir ou minimizar as consequências deletérias e a aumentar a proteção à saúde. Pensando nisso, o estudo teve como objetivo principal compreender quais são as informações necessárias às mulheres iranianas, o conhecimento delas em relação a esse estágio, o interesse em aprender mais, quais as fontes utilizadas para obter informações e os desafios para aprender sobre o tema.

O estudo foi realizado entre setembro de 2020 e março de 2021, com 301 iranianas que possuíam entre 48 e 55 anos. O questionário utilizado foi desenvolvido exclusivamente para este estudo, o qual foi baseado em questionários similares de outros estudos e na opinião de dois obstetras. O instrumento possuiu 5 seções que investigaram dados demográficos, questões associadas ao nível de conhecimento, de interesse e de frequência de busca pelo tema, as informações mais procuradas, fontes de busca mais utilizadas e desafios na forma de obter informações sobre a menopausa. As aplicações foram feitas de forma presencial ou online.

A idade média foi de 51 anos. A maior parte delas eram casadas (n = 226, 75%) e não possuíam grau acadêmico (n = 176, 58,5%). No que se refere aos níveis de conhecimento, interesse e necessidades, mais da metade das participantes relataram saber alguma coisa sobre a menopausa (n = 155, 51,5%), mais de um terço tinham algum interesse em obter informações (n = 123, 41%) e menos da metade indicou que raramente procuravam alguma informação (n = 136, 45%). Quanto às necessidades de informação, as informações mais necessitadas foram associadas ao câncer de mama (n = 209, 69,5%), às ondas de calor (n = 200, 66,5%), ao câncer cervical (n = 194, 64,5%), às terapias não hormonais (n = 192, 64%), aos testes de laboratório (n = 189, 63%) e sobre dores articulares e musculares (n = 188, 62,5%).

As fontes de informação mais procuradas foram as mídias audiovisuais (n = 171, 57%), seguidas por obstetras (n = 165, 55%), amigos (n = 157, 52%), família (n = 157, 52%) e internet (n = 153, 51%). Os maiores desafios da amostra foram não saber como obter as informações corretamente (n = 115, 38%) e não terem certeza da confiabilidade das fontes disponíveis para tal (n = 108, 36%).

Dada a importância preventiva de se obter informações fidedignas sobre a menopausa e a forma como esse processo impacta na qualidade de vida das mulheres, compreender os déficits de conhecimento sobre esse estágio é relevante em termos de serem pensadas estratégias de como e quais os tipos de conhecimento para diferentes segmentos do mesmo público. O desenvolvimento de materiais e intervenções possíveis a partir do olhar da Psicologia da Saúde pode contribuir para minimizar os impactos não só psicológicos, mas físicos também, com efeito potencializado se forem pensados e implementados em conjunto com outras áreas e ciências da saúde.

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