Adoecimento mental em professores brasileiros
Diehl, L., & Marin, A. H. (2016). Adoecimento
mental em professores brasileiros: revisão sistemática da literatura. Estudos
Interdisciplinares em Psicologia, 7(2), 64-85. doi:
10.5433/2236-6407.2016v7n2p64.
Resenhado por
Lizandra Soares
A Organização
Internacional do Trabalho (OIT) considera que a profissão de docente é uma das
mais estressantes, já que suas repercussões são desgastantes na saúde física e
mental, além de impactar sobre o desempenho profissional. Tal afirmação
encontra-se evidenciada em muitos estudos atuais que testificam a presença de
doenças osteomusculares e transtornos mentais nessa população, tais como
estresse e síndrome de Burnout. Além disso, as modificações da sociedade atual
têm provocado alterações no papel do professor. As rápidas transformações do
contexto sociocultural têm imposto a esse profissional a ampliação de
responsabilidades e competências, sendo necessário para além de um trabalho
pedagógico, o que permearia aspectos sociais, emocionais e de saúde dos alunos.
Com o objetivo
de sistematizar as produções científicas nacionais publicadas nos últimos seis
anos (2010 a 2015), cujo intuito foi detectar sintomas de adoecimento
psicológico entre os professores brasileiros. A revisão sistemática realizada
foi com base na literatura nacional respeitando as diretrizes do Preferred
Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses (Moher et al.,
2009). A busca foi realizada em junho de 2015 e atualizada em maio de 2016 nas
bases de dados: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library Online), Index Psi, Educ@ e
PePSIC (Periódicos Eletrônicos de Psicologia). Foram analisados artigos
completos e de acesso gratuito. Foram identificados 97 artigos. Após a
eliminação dos duplicados, restaram 50 artigos que foram triados inicialmente
pela leitura dos títulos e dos resumos, sendo excluídos 27 por não contemplarem
a temática e um por não abordar professores brasileiros, restando 21 para a
leitura na integra. A amostra final foi composta por 15 artigos, em virtude da
exclusão de 6 artigos (3 por não serem empíricos e 3 por não trabalharem com
amostras exclusivas de professores).
Os resultados
encontrados foram sugestivos de que o adoecimento dos professores se
relacionava com: a) falta de reconhecimento; b) problemas motivacionais e
comportamentais dos alunos (falta de limite, dificuldade de relacionamento); c)
pouco acompanhamento familiar; e d) problemas ergonômicos no ambiente de
trabalho. Ou seja, o professor está exposto a estresse ocupacional,
principalmente em consequências das transformações sociais e nos modelos
educacionais. No caso dos docentes de nível superior, a pressão para produção
intelectual e a sobrecarga de trabalho foram os aspectos mais apontados como fontes
de adoecimento. Os artigos pesquisados concentraram-se em aspetos específicos
do sofrimento emocional desses professores: síndrome de Burnout, a qualidade de
vida dos professores, os transtornos mentais e comportamentais ou comuns, o
estresse, a ansiedade e o desgaste físico e emocional.
Como limitação
do estudo, pode-se apontar para a combinação dos descritores, o que pode ter
deixado de fora material de outras áreas. Os autores frisam que no caso do
Brasil, as condições sociais e econômicas marcam o contexto e influenciam as
políticas públicas, o que impacta diretamente o exercício da profissão. Dado
esse fato, espera-se que o estudo realizado abra margem para a reflexão e
planejamento de intervenções para esse público. Na visão da psicologia da saúde,
a compreensão dos fatores de adoecimento nos professores serviria justamente a
esse propósito: construção de intervenções assertivas e eficazes que promovam bem-estar e saúde a esse público.
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