Esforço Emocional e Burnout: Uma revisão de literatura

"Emotional Labor and Burnout: A review of the literature"

Jeung, D. Y., Kim, C., & Chang, S. J. (2018). Emotional labor and burnout: A review of the literature. Yonsei Medical Journal59(2), 187-193. doi: 10.3349/ymj.2018.59.2.187
Resenhado por Maísa Carvalho

Um ambiente e trabalho estressantes podem contribuir na diminuição da percepção de bem-estar laboral, baixa adaptação psicológica e, consequentemente, podem ocasionar o desenvolvimento de transtornos mentais. Algumas variáveis psicológicas explicam o adoecimento mental do trabalhador, a exemplo do esforço emocional, um estressor comumente associado a trabalhos que demandam constante interação com clientes. Quando o trabalhador demonstra emoções desejadas pela organização, mesmo que não sejam genuínas, ele realiza um esforço emocional. Logo, o presente trabalho revisou a literatura mais recente sobre a associação entre o esforço emocional e Burnout, bem como investigou o papel da personalidade nessa relação.
Problemas organizacionais como um ambiente de trabalho violento e estressante, alta demanda de atividades, além de abuso verbal de clientes e chefes são características predisponentes ao esforço emocional. Em decorrência do desgaste resultante desse processo, o trabalhador pode experienciar distresse, sintomatologia depressiva, insatisfação com o trabalho, perda de memória, despersonalização, hipertensão, doenças cardíacas e Burnout. Dentre os problemas de saúde mencionados, a literatura vem apontando uma ligação estreita entre esse último e o esforço emocional.
A Síndrome de Burnout é definida como um estado de exaustão emocional, mental e física causado por estresse prolongado e em excesso. Proveniente da exposição frequente a um ambiente de trabalho estressor, ela resulta em absenteísmo, altos índices de turnover e diminuição da performance do trabalhador. Alguns estudos vêm apontando que o Burnout e o esforço emocional estão intimamente ligados ao processo de dissonância emocional, conceitualizada como um conflito entre o que é sentido e manifestado. A exaustão emocional resultante dessa atividade facilita a adoção de estratégias de enfrentamento disfuncionais pelo trabalhador, que pode apresentar comportamentos negativos no trabalho, tais como a falta de cooperação em atividades importantes, diálogos hostis com colegas e clientes, indiferença relativa aos colegas de trabalho, baixa produtividade e autoavaliação negativa.
Embora a experiência contínua de estressores no trabalho combinada com o baixo senso de autoeficácia, baixo suporte social e dificuldade em lidar com situações que demandam esforço emocional sejam fatores de risco comuns a Síndrome de Burnout, estudos mais recentes mostram que a personalidade desempenha um papel importante no desenvolvimento dessa doença. Características individuais e fatores de autorregulação podem resultar em recursos funcionais, dificultando a ocorrência do Burnout. Algumas pesquisas apontam, inclusive, que indivíduos que possuem a personalidade do tipo A – caracterizada por comportamentos impulsivos, competitivos, agressivos e impacientes – são mais suscetíveis a possuir baixa adaptação a ambientes adversos e experienciar distresse.
A partir deste estudo é possível compreender a relevância das investigações em Psicologia da Saúde envolvendo temas como estresse, regulação emocional e diferenças individuais. O desenvolvimento dessas pesquisas possibilita maior conhecimento sobre as relações entre essas variáveis, facilitando a formulação de ações e estratégias em saúde ocupacional cada vez mais eficazes a fim de proporcionar bem-estar e maior adaptação psicológica em situações de estresse no trabalho.

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