Consumo de bebidas alcoólicas por estudantes de escolas públicas da cidade do Recife-PE


Aquino, J. M. D., Teixeira, K. D. S., Silva, D. M. R. D., Xavier, R. D. F., Medeiros, S. E. G. D., & Falcão, V. T. F. L. (2019). Consumo de bebidas alcoólicas por estudantes de escolas públicas da cidade do Recife-PE. SMAD. Revista eletrônica de saúde mental, álcool e drogas15(2), 60-68. doi:10.11606/issn.1806-6976.smad.2019.000419

Resenhado por Mariana Menezes

A adolescência é um período no qual ocorrem intensas mudanças psicossociais e biológicas, com uma maior busca por novas experiências e curiosidade por novas sensações. O consumo de álcool entre adolescentes tem se revelado uma prática comum apesar da venda de bebidas alcoólicas ser proibida para menores de 18 anos em alguns países, como é o caso do Brasil. O uso de bebidas alcoólicas nessa fase da vida é considerado um problema mundial de saúde pública, pois pode resultar em prejuízos para a saúde física e mental. O consumo excessivo de álcool é responsável por mais de 60 tipos de doenças e lesões e causa principal de algumas doenças, como também é um componente importante em diversas causas de óbito. O consumo exagerado de álcool por adolescentes pode afetar gravemente as habilidades de memória, inteligência e aprendizagem.
Estando sob efeito do álcool, os indivíduos, incluindo os adolescentes, podem se expor a situações de risco tais como a prática de sexo sem proteção (o que predispõe ao contágio por doenças sexualmente transmissíveis) e o envolvimento em brigas ou em atos de vandalismo. Deste modo, a pesquisa buscou analisar o consumo de álcool entre adolescentes estudantes de escolas públicas na cidade de Recife-PE. Participaram da pesquisa adolescentes de ambos os sexos e idade entre 12 e 17 anos. Os instrumentos utilizados foram um questionário sociodemográfico e o Alcohol Use Disorders Indentification Test (AUDIT).
De acordo com os resultados da pesquisa, foi possível constatar a precocidade da experimentação de álcool pelos adolescentes. Quanto ao padrão de consumo de álcool, observou-se que mesmo em menor proporção, alguns estudantes apresentaram elevados níveis de consumo, caracterizando o consumo como de risco e alto risco. A maioria deles foram enquadrados no padrão de risco moderado, estando, desta forma, vulneráveis a padrões maiores de consumo. Além disso, foram identificados como fatores de risco que influenciam o consumo de álcool: a idade, histórico de reprovação escolar e a quantidade de pessoas com quem mora.
Com relação à idade, os participantes que assumiram os maiores padrões de consumo foram àqueles com maior idade. A respeito da relação entre consumo de álcool e reprovação escolar, a reprovação pode se configurar como um fator que antecede ou resulta do consumo de substâncias. A maioria dos adolescentes que fizeram o consumo de bebidas alcoólicas de baixo risco esteve presente no grupo que residia com uma menor quantidade de pessoas (menos de 5 pessoas). Uma explicação possível para tal achado é que famílias que possuem quantitativo menor de integrantes permite que os pais ou outros responsáveis assistam melhor os seus filhos. Outro achado interessante foi que a ausência da figura paterna também se configurou como um fator de risco e triplicou os dados da amostra nos padrões de risco e alto risco.
Portanto, a pesquisa é relevante para a área da Psicologia da Saúde, pois permitiu conhecer os padrões de consumo de álcool entre adolescentes e poderá servir para orientar políticas de saúde pública voltadas para esta população. A elaboração de tais políticas públicas poderá ser de caráter preventivo ou interventivo e focar no controle dos riscos identificados na pesquisa, contribuindo assim para a redução de danos decorrentes do abuso de álcool por adolescentes e para a promoção da saúde deles.

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