Implicações da vinculação amorosa e suporte social na autoestima em jovens universitários
Freitas,
V., & Mota, C. P. (2015). Implicações da vinculação amorosa e suporte
social na autoestima em jovens universitários. Análise Psicológica, 33(3),
303-315. doi: 10.14417/ap.863
Resenhado por Daiane Nunes
A natureza e qualidade dos laços
emocionais, construídos nos primeiros anos de vida, assumem relevância
significativa ao longo do desenvolvimento psicológico. Com o passar dos anos, o
processo de vinculação se torna mais complexo e diversificado, sendo
influenciado pelas representações internas de si, dos outros e do mundo. Na
infância, a criança procura segurança na figura vinculativa representada pelos
pais. De modo semelhante, jovens adultos experimentam sentimentos de procura de
segurança nos seus relacionamentos amorosos. Embora esses indivíduos disponham
de uma extensa rede de figuras relevantes, o par romântico assume um lugar
primordial na hierarquia das figuras de vinculação. Nesse processo, o suporte
social e a autoestima estabelecem uma relação de reciprocidade no
desenvolvimento da qualidade das relações. Assim, o presente estudo analisou em
que medida a qualidade da relação com o par amoroso e o suporte social
percebido afetam a autoestima de jovens universitários.
A amostra foi constituída por 334
estudantes universitários, com idades entre 18 e 25 anos (M = 20,1; DP = 1,92), de
ambos os sexos. Desses, 53,5% indicaram estar em um relacionamento amoroso.
Foram utilizados o Questionário de Vinculação Amorosa (QVA), o Social Support Appraisals (SSA) e a
Escala de Autoestima de Rosenberg (EAR). Realizou-se análise de regressão
linear múltipla para identificar os preditores de autoestima e ANCOVA para
analisar o papel moderador da vinculação amorosa na relação entre suporte
social e autoestima.
A variável percepção de apoio social
geral se apresentou como um preditor positivo mais forte de autoestima (β = 0,49), seguido pela percepção de
apoio dos professores (β = 0,12) e
pela percepção de apoio familiar (β =
0,10). Isto é, figuras pertencentes à rede social do participante parecem
oferecer uma sensação de segurança e conforto que permite ao jovem ter a
percepção de que ele é cuidado, estimado e valorizado e, consequentemente, isso
reflete em sua autoestima. Na variável vinculação amorosa, as dimensões
dependência e ambivalência foram preditores negativos de autoestima (β = -0,16). Infere-se que essas
dimensões apresentam um efeito negativo na autoestima, repercutindo-se na forma
como o participante se sente na relação romântica. Jovens com padrão de
ambivalência e dependência nas relações com os pares românticos poderão
evidenciar vivências inseguras e modelos internos de si negativos.
Na ANCOVA, apenas a variável qualidade de vinculação
amorosa com efeito da dependência e em função da variável percepção de apoio em
geral apresentou significância (F[1,306] = 4,67; p = 0,03). Assim,
os estudantes com uma alta percepção de apoio geral e baixa dependência na
vinculação amorosa, evidenciam mais autoestima, comparativamente aos estudantes
com uma baixa percepção de apoio geral e uma alta dependência na vinculação
amorosa.
Por fim, os autores destacam que os
resultados encontrados apresentam importantes implicações práticas, em
especial, à pertinência dos dados de suporte social conferida aos jovens em
contexto universitário. Frequentemente são apontados processos de desadaptação
e adoecimento nesse público, demonstrando a relevância do desenvolvimento de
relações interpessoais de apoio por parte de figuras parentais, grupo de pares
ou par romântico no processo de ajustamento psicológico.
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