Qualidade de vida e imagem corporal de mulheres praticantes de musculação e ginástica
Anversa, A.L.B., Mantovi, D., Antunes, M.D., Codonhato,
R., Oliveira, D.V. (2019).Qualidade de vida e imagem
corporal de mulheres praticantes de musculação e ginástica. Psicologia, Saúde & Doenças, 20(1), 149-159.
Resenhado por Ariana Moura
O conceito de qualidade de vida (QV)
mais utilizado é o adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que a
estabelece como sendo a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida,
contexto da cultura e dos sistemas de valores em que vive, estabelecendo
relações com seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. A sociedade
moderna e a tecnologia possuem tendências facilitadoras das atividades diárias,
diminuindo no ser humano o movimento corporal, promovendo maior comodidade e
conforto. Entretanto, a diminuição geral da atividade física traz consigo
inúmeros fatores prejudiciais a uma boa QV, como o estresse e o sedentarismo,
além de influenciara satisfação com a imagem corporal.
A insatisfação com o próprio corpo ou
com a imagem que se tem dele é reflexo de uma sociedade que prega um padrão
idealizado, cada dia mais distante do corpo saudável. A satisfação com o corpo
é uma das mais importantes relações com a imagem corporal, é por meio dela que
o indivíduo se mostra satisfeito ou não. A mulher é cada vez mais submetida às
influências impostas pela sociedade, tornando assim a busca por uma boa
aparência, cada dia mais assídua, fator que torna frequente a procura por
exercícios físicos.
O estudo objetivou analisar a percepção
de imagem corporal e QV de mulheres que praticam diferentes modalidades de
exercícios sistematizados (ginástica, musculação e ambas as modalidades).Tratou-se
de uma pesquisa transversal, realizada com 120 mulheres (33 anos ±8,7), sendo 40 praticantes de musculação (G1), 40
praticantes de ginástica em academia (G2) e 40 praticantes de ambas as
modalidades (G3). Para coleta de dados foi utilizado um questionário
sociodemográfico, o WHOQOLBref e o Body Shape Questionnaire.
Os
resultados evidenciaram que houve diferença significativa entre os grupos
apenas na percepção de QV no domínio de Relações Sociais (p=0,018) e na
imagem corporal (p=0,029). Notou-se que as mulheres do G3 possuíam maior
distorção corporal (Md = 85,0), se comparada com a dos demais grupos (G2
e G1) (Md = 74,0 e Md = 84,0), respectivamente. Foi encontrada
associação significativa apenas em relação a raça (p = 0,026).
Concluiu-se que a satisfação com a imagem corporal não foi um fator impactante
na qualidade de vida dessas mulheres.
A partir dos resultados observados, viu-se que as mulheres
praticantes de ambas as modalidades de exercício físico apresentaram melhor
percepção de QV nas relações sociais do que as praticantes de uma das
modalidades apenas. Mulheres praticantes de ginástica demonstraram ter maior distorção
corporal. Porém, a percepção de imagem corporal de mulheres adultas não parece
impactar significativamente em sua qualidade de vida, ao menos, não da forma
como a QV é avaliada atualmente.
Levando em conta o ideal de corpo
perfeito imposto pela sociedade às mulheres e às influências da busca da
aparência ideal na QV, este estudo é relevante para a Psicologia da Saúde por
fornecer dados recentes a respeito da percepção de imagem corporal de mulheres
que praticam atividades físicas. Esta temática é atual e pertinente, pois o
estudo em questão pode ajudar a discutir tanto sobre a QV quanto a respeito das
questões psicossociais envolvidas na perseguição do corpo perfeito.
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