A terapia cognitivo-comportamental no tratamento das compulsões mentais
Petersen, M. L. (2019). A terapia cognitivo-comportamental no tratamento das compulsões mentais. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 15(2), 92-99.
Resenhado por Lizandra
Soares
O Transtorno
Obsessivo Compulsivo (TOC) possui prevalência de 9,8 a 25% causando prejuízo
funcional. Trata-se de um dos transtornos mentais com pior prognóstico e
considerado como um dos mais difíceis de tratar por meio da Terapia Cognitivo-Comportamental
(TCC). O TOC é caracterizado pela presença de obsessões, compulsões ou ambas.
As obsessões são padrão de pensamentos, imagens mentais ou impulsos
repetitivos, intrusivos ou indesejados que causam desconforto e ansiedade. Em
geral, provoca as compulsões, padrões mentais ou de comportamento ritualista
cuja única função é aliviar a ansiedade. Este transtorno possui início precoce,
geralmente, na infância ou adolescência. Seu surgimento ocorre em média aos 13
anos de idade. A presença de rituais mentais sugere maior severidade e
cronicidade do transtorno. A TCC com exposição e prevenção de resposta (EPR) é
a única terapia com suporte empírico para tratamento do TOC.
O objetivo do
presente estudo foi verificar as evidências sobre a eficácia da TCC/EPR no
tratamento dos rituais mentais e quais técnicas específicas poderiam ser
utilizadas. Para tanto, realizou-se revisão sistemática da literatura por meio
da consulta das bases de dados PubMed, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Scielo
e PsycINFO. A busca se restringiu a artigos publicados até 2018, escritos em
inglês, português e espanhol. Foram obtidos 3.190 artigos após aplicação das
estratégias de busca. Os títulos e resumos foram analisados. Com a leitura dos
títulos e resumos e a eliminação das duplicadas, foram obtidos 13 estudos que
se respeitavam os critérios de inclusão e exclusão. Desses, oito foram
excluídos por se tratarem de autorrelatos de casos, não se enquadrarem na TCC
e/ou por não descrever a terapêutica específica para o tratamento de compulsões
mentais. Ou seja, o estudo consistiu na análise de 5 artigos empíricos a
respeito da temática supracitada. Por
fim, os resultados encontrados foram favoráveis ao uso da EPR.
O uso da TCC, como
terapia de primeira escolha, consiste em avaliação, psicoeducação, lista de
sintomas, diário de sintomas obsessivo-compulsivos, exposição e prevenção de
resposta, entre outros. A TCC com exposição e prevenção de resposta (EPR) é a
única terapia com suporte empírico para o TOC. Dentre as técnicas sugeridas no
estudo, podem ser citadas ainda àquelas baseadas em distração com atividades
interessantes e de pensar o oposto sobre a compulsão mental.
É essencial
apontar como limitações que os resultados obtidos nesse estudo foram predominantemente
norte-americanos e europeus, ou seja, há falta de estudos brasileiros a
respeito do tema. Além disso, foram observadas limitações metodológicas. Apenas
dois dos estudos envolveram uma amostra de tamanho suficiente, o que sugere a
necessidade de realização de pesquisas com amostras maiores. Por se tratar de
um assunto complexo, os pacientes possuem maior dificuldade de manejar as
compulsões mentais, o que aponta a necessidade de estudos nesse sentido. Do
ponto de vista da psicologia da saúde, o estudo desse assunto é importante por
se tratar de um transtorno diretamente relacionado à ansiedade, de difícil
manejo e que impacta no desempenho de tarefas laborais, sociais e acadêmicas.
Em outras palavras, compreender o tratamento adequado para o TOC possibilita promover
saúde e melhor a qualidade de vida de pessoas com esse transtorno.
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