O papel do diálogo interno na previsão de ansiedade de morte, transtorno obsessivo-compulsivo e estratégias de enfrentamento do coronavírus (COVID-19)
The role of self-talk in predicting death anxiety, obsessive-compulsive
disorder, and coping strategies in the face of coronavirus disease (COVID-19)
Damirchi, E. S.,
Mojarrad, A., Pireinaladin, S., & Grjibovski, A. M. (2020). The role of self-talk in perdcting death anxiety,
obsessive-compulsive disorder, and coping strategies in the face of coronavirus
disease. Iranian Jounal of Psychiatry, 15(3), 182-188. doi: 10.18502/ijps.v15i3.3810
Resenhado
por Luana C. Silva-Santos
O
surto do novo coronavírus, sexta Emergência de Saúde Pública Internacional, tem
sido um dos contextos mais estressantes que tem levado ao surgimento de
diferentes níveis de disfuncionalidades psicológicas, como o medo e ansiedade
de morte. A ansiedade de morte é a reação apresentada pelas pessoas quando
confrontadas com morte, doença crônica ou risco de vida. Somado a isto, a
recomendação de lavar as mãos com frequência e a morte de entes queridos
parecem aumentar ou criar pensamentos e comportamentos intrusivos e
disfuncionais relacionados ao Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). A condição
de estresse, infecção forte e letalidade em casos graves podem levar a vários
problemas mentais, portanto, as pessoas usam estratégias de enfrentamento (coping)
para se proteger em tais situações, em geral focadas no problema (objetivando
resolver o dilema e agir na situação) ou na emoção (visando diminuir a confusão
emocional causada pelo estresse). Em um contexto tão estressor como uma
pandemia, a conscientização e o uso efetivo de estratégias de coping
ajuda as pessoas a controlar os eventos estressantes e diminuir as emoções
negativas.
Nesse
sentido, o diálogo interno parece ter papel importante: implica em declarações
automáticas que envolvem métodos reflexivos e intencionais que as pessoas
aplicam para gerenciar o pensamento irracional e estabelecer um estado mental
saudável em condições estressantes, com impacto positivo comprovado na
ansiedade, controle do comportamento em condições assustadoras e autoeficácia. Assim,
o objetivo do estudo foi pesquisar o papel da fala interna para prever a
ansiedade da morte, o transtorno obsessivo-compulsivo e as estratégias de
enfrentamento do COVID-19 no Irã. A amostra final foi composta por 300 adultos,
selecionados por meio de amostragem por conglomerados de 21 de janeiro a 19 de
março de 2020, com faixa etária entre 18 e 50 anos, nacionalidade iraniana,
residentes em Ardabil, sem doenças físicas e mentais, com alfabetização
educacional mínima. As variáveis diálogo interno, ansiedade de morte, TOC e
coping foram investigas pelos Self-Talk Scale (STS), Templer Death
Anxiety Scale (TDAS), Maudsley Obsessive-Compulsive Inventory (MOCI)
e Folkman and Lazarus Coping Strategies Inventory (FLCSI), respectivamente,
analisados via correlação de Pearson e regressão linear múltipla.
Os
resultados revelaram uma relação positiva significativa entre o diálogo interno
e o estilo de enfrentamento centrado no problema. Além disso, foram encontradas
relações negativas significativas entre o diálogo interno e estratégias de coping
focadas na emoção, ansiedade de morte e TOC. Por fim, a análise de
regressão demonstrou que o diálogo interno funcionou como preditor de coping
focado no problema e na emoção, ansiedade de morte e TOC. Os resultados
enfatizam a necessidade de intervenção na crise psicológica durante o surto de
COVID-19 à luz de uma variável pouco investigada e que demonstrou papel
preditivo em todos os desfechos, o diálogo interno. Tais achados podem fomentar
a construção de estratégias psicológicas de intervenção clínica focadas no
diálogo interno. Quando as pessoas falam consigo mesmas em relação à COVID-19,
isso as ajuda a transformar seus processos mentais em forma de afirmação com
autorreforço e autogestão das condições sociais e mentais, o que lhes permite
voltar sua atenção para os processos apropriados na solução de problemas.
Nenhum comentário: