Autoestima, imagem corporal e depressão de adolescentes em diferentes estados nutricionais

Rentz-Fernandes. R. A., Silveira-Viana. M., De Liz. M. C., & Andrade. A. (2017). Autoestima, imagem corporal

e depressão de adolescentes em diferentes estados nutricionais. Salud Pública, 19(1), 66-72. https://doi.org/10.15446/rsap.v19n1.47697

Resenhado por Ariana Moura

 

A obesidade é caracterizada pelo acúmulo anormal e excessivo de gordura corporal, sendo prejudicial à saúde e à qualidade de vida por estar associada a maior morbidade e mortalidade precoce. Esta complexa condição tem causas multifatoriais que podem ser biológicas, psicológicas ou socioeconômicas. Nos dias atuais a obesidade é um problema de saúde pública, especialmente por estar associada a doenças cardiovasculares, além de aumentar os riscos de patologias biliares e vários tipos de câncer. Sabe-se que problemas psicológicos também são comuns nesta população, inclusive transtornos como depressão e ansiedade, dificuldades de ajustamento social, baixo autoconceito, baixa autoestima e problemas com autoimagem.

A literatura tem demonstrado que adolescentes obesos possuem maiores chances de serem acometidos por transtornos depressivos, bem como aqueles que se autoavaliam como obesos e com maior insatisfação corporal. Deste modo, tanto a condição de obeso quanto a percepção da imagem corporal poderiam estar associadas à depressão. Contudo, os aspectos psicológicos relacionados à obesidade na adolescência não são bem compreendidos e muitas vezes negligenciados. O objetivo do estudo foi investigar a autoestima, a imagem corporal e a depressão em adolescentes em diferentes estados nutricionais. Participaram 418 adolescentes com idade entre 14 e 18 anos. Os instrumentos utilizados foram: caracterização, Inventário de Depressão Infantil, Escala de Autoestima e Escala de Silhuetas. Os estados nutricionais foram classificados por meio do Índice de Massa Corporal (IMC).

Os resultados apontaram que os meninos apresentaram maior prevalência de sobrepeso e obesidade, menor depressão e insatisfação corporal, além de maior autoestima do que as meninas. Embora adolescentes em estados nutricionais superiores fossem mais insatisfeitos, o IMC se relacionou à insatisfação corporal apenas entre as meninas. A relação entre depressão e insatisfação corporal foi negativa entre os meninos e positiva entre as meninas.

As altas taxas de insatisfação corporal podem ser esclarecidas pelo processo a partir do qual as pessoas passam a seguir padrões inadequados de alimentação e atividade física, contribuindo assim para o aumento do peso e consequente insatisfação com o corpo. Além disso, é preciso levar em conta que, a adolescência favorece oscilações da autoestima por ser uma fase de importantes transformações psicossociais.

Os dados encontrados podem contribuir para a promoção de políticas públicas dentro e fora das escolas, a respeito da educação nutricional, de temas relacionados ao corpo e da importância da prática de atividades físicas. Do ponto de vista psicológico, sugere-se, maior atenção às meninas, àqueles mais insatisfeitos com seus corpos e, ainda, aqueles que não praticam atividades físicas. A Psicologia da Saúde pode ofertar suporte na elaboração de estratégias educacionais, necessárias para estimular a conscientização dos adolescentes em adotar um estilo de vida mais saudável, com repercussões na saúde física e psicológica. Para que tais intervenções sejam implementadas, pais, profissionais da saúde e professores têm papel importante na orientação dos jovens. 



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