Criando crianças com autoestima elevada

 

Brummelman, E., & Sedikides, C. (2020). Raising children with high self‐esteem (but not narcissism). Child Development Perspectives14(2), 83-89.  https://doi.org/10.1111/cdep.12362

 

 

Resenhado por Luiz Guilherme L. Silva.

            O desenvolvimento de crianças é um tema importante para pais e cuidadores. Em relação ao aspecto psicológico, a autoestima é um construto relevante a ser estudado, uma vez que indivíduos com altos níveis tendem a ter menos transtornos mentais e menor nível de sofrimento psíquico. A autoestima se refere à avaliação geral que a pessoa tem de si. Muitas vezes os cuidadores não sabem como desenvolver a autoestima de crianças e acabam por influenciar o aparecimento de características como superioridade, pensamento distorcido da realidade e um senso frágil sobre si, o que caracteriza o traço narcisista. O estudo sumarizou algumas atitudes de cuidadores que podem ser benéficas no desenvolvimento da autoestima de crianças a partir de três pilares: o realismo, o crescimento e a robustez.

            O realismo se refere a cognições realistas quanto a si e seus comportamentos, visto que os cuidadores não incentivam a ter metas ou crenças que não condizem com a realidade do indivíduo, como “meu pai diz que sou a menina mais inteligente que já existiu”. Esse exemplo mostra uma crença de uma criança que é irreal. Crianças com autoestima saudável tenderão a apresentar visões congruentes com a realidade e um  exemplo disso é a frase “meu pai diz que sou uma menina muito inteligente”.

            O crescimento diz respeito ao interesse e curiosidade que uma criança tem em se aprimorar com o tempo. Um indivíduo com autoestima elevada pode até se comparar aos outros, mas tende a refletir sobre como melhorou determinado aspecto durante um período. A frase “eu andava de bicicleta com rodinha e hoje não ando mais” pode exemplificar a reflexão de uma criança em relação ao comportamento andar de bicicleta. Elas tendem a ser curiosas e demonstrar interesse em atividades desafiadoras. Em contrapartida, indivíduos que se acham superiores e diminuem outros, como “mamãe diz que pedalo melhor do que você, porque sou melhor em tudo”, podem demonstrar comportamentos de superioridade em relação às demais.

            A robustez se refere aos sentimentos que uma criança tem de si diante do fracasso. Ela sabe que tem suas qualidades e falhas, ao passo que isso lhe dá um senso de estabilidade em relação a si. Por outro lado, crianças com sentimentos instáveis sobre si podem demonstrar arrogância e vergonha frente a erros. Neste caso, são mais propensas a desenvolverem sintomas de ansiedade e depressão durante a infância.

            O desenvolvimento psicológico sadio de crianças é um tema relevante para a Psicologia da Saúde, uma vez que eventos ocorridos na infância podem desencadear outros no decorrer do curso de vida do indivíduo, fenômeno conhecido por cascata desenvolvimental. Vale ressaltar que no contexto da pandemia do novo coronavírus, a autoestima dos indivíduos pode rebaixar devido ao isolamento social e outros fatores. O foco de estudos referentes à autoestima na infância é importante, visto que esse construto é considerado um fator preditivo para transtornos mentais, como a depressão e a ansiedade, assim como para o engajamento em atividades sociais e lúdicas com outras crianças. Desse modo, recomenda-se o estudo da autoestima nessa população considerando o contexto da atual pandemia da COVID-19 e o isolamento social.



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