Mães de crianças com o transtorno do espectro autista: estresse e sobrecarga
Nogueira, M. T. D., da
Silva Rusch, F., & da Silva Alves, G. D. G. (2021). Mães
de crianças com o transtorno do espectro autista: Estresse e sobrecarga. Revista Humanitaris-B3, 2(2), p-54-75.
Resenhado
por Franciely Santos
A chegada de um filho é muito
esperada e idealizada, para a maioria das famílias, o que dificulta na
aceitação e adaptação frente ao diagnóstico do filho autista. O transtorno do espectro
autista afeta principalmente áreas do desenvolvimento como interação e
comunicação social, e comportamentos repetitivos, podendo diferir no nível
de gravidade. A mãe é a principal cuidadora do(s) filho(s), abdicando muitas
vezes da vida profissional para dedicação de forma integral ao âmbito
doméstico. Dessa forma, o estudo em questão pretende avaliar os níveis de
estresse e sobrecarga de mães de crianças diagnosticadas com o transtorno do
espectro autista.
O
diagnóstico de um filho autista gera mudanças na rotina dos familiares e
torna a vivência da maternidade/paternidade mais complexa e desafiadora. Afeta
os hábitos, finanças, relação profissional e social, além de causar medo e
frustração. O estresse e a sobrecarga estão relacionados a modificações e
adaptações. O estresse é necessário para a realização de algumas tarefas, mas
torna-se prejudicial quando há em excesso. Já a sobrecarga está relacionada as
consequências negativas das atividades que são executadas e que afetam a saúde
e o bem-estar físico e psicológico.
O
estudo foi realizado com 55 mães de crianças com o transtorno do espectro
autista de até 11 anos, todas sendo responsáveis pelo cuidado do filho. Foram
aplicados um questionário sociodemográfico, o Inventário de Sintomas de Stress
para Adultos de Lipp - ISSL e a Escala de sobrecarga - Burden Interview.
A
maioria das mães apresentaram algum nível significativo de estresse (78,2%), já
em se tratando do nível de sobrecarga, 40% se sentem pouco sobrecarregadas.
Neste estudo, a presença do estresse apresentou valor significativo quando
associado a ausência de trabalho, sendo que 54,5% da amostra não trabalha. O
número de mães que passam a maior parte do tempo com o filho foi
90,4% da amostra, o que corrobora com a literatura, que as mães são as
principais responsáveis pelos filhos, e o convívio diário e alta
demanda estão associados ao estresse. Os resultados sobre a percepção de
sobrecarga trouxeram que 39,5% das mães se sentiam pouco e 37,2% mais ou menos
sobrecarregadas. Os resultados também mostraram significância entre as
variáveis, presença de estresse e sobrecarga, nas mães que apresentavam níveis
altos de estresse.
Diante
disso, as mães, como principais cuidadoras, tendem a se sobrecarregar e
pontuar elevados níveis de estresse, e as mudanças e vida após o
diagnóstico do filho autista influenciam nesses resultados. Assim, a Psicologia
da Saúde pode contribuir com estudos que visem a encontrar as melhores
estratégias de enfrentamento para essas mães, de forma que o impacto
dessas mudanças e desafios não afetem negativamente o seu bem-estar.
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