Identificação de transtornos mentais e encaminhamentos em saúde mental na adolescência

 DeSousa, D. A., Santos Jr., J. A., Matos, E., Alves, W., & Moreno, A. L. (2018). Identificação de transtornos mentais e encaminhamentos em saúde mental na adolescência. In J. P. Silva, A. Faro, & E. Cerqueira-Santos (Orgs.), Psicologia e adolescência: Gênero, violência e saúde (pp. 209-227). Curitiba: CRV.

 

Resenhado por Brenda Fernanda

 

A adolescência normal é um período marcado por diversas alterações biológicas, psicológicas e sociais, bem como por alterações de humor e comportamentos disruptivos. O capítulo tem como ponto de partida a diferenciação de tais comportamentos entre adolescentes saudáveis e aqueles que sofrem de transtornos mentais comuns. É preciso distinguir a “síndrome da adolescência normal” das psicopatologias. Um dos principais marcadores de que as oscilações de humor e comportamentos “rebeldes” podem indicar algum transtorno é o tempo. Se as alterações emocionais e comportamentais são muito frequentes, duradouras (mais de seis meses, por exemplo) e intensas, causando sofrimento significativo e comprometendo o funcionamento social desses adolescentes, é hora de investigar a possível presença de um transtorno.

Alguns fatores podem ser considerados de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais na adolescência. Na esfera individual, podem ser citados: baixa autoestima, insatisfação com a vida, sentimentos de inutilidade e ideação suicida. No contexto familiar e comunitário, a exposição à violência e abuso é um dos principais fatores de risco. Destaca-se que os fatores de risco podem aumentar a vulnerabilidade dos jovens para a ocorrência de transtornos mentais comuns, sendo relevante identificá-los a fim de conhecer melhor o contexto de prevenção e possível adoecimento.

Dentre os transtornos mentais que acometem os adolescentes, podemos dividi-los em duas principais categorias: internalizantes e externalizantes. Os internalizantes são aqueles relacionados a aspectos emocionais e afetivos, como o transtorno depressivo e o transtorno ansioso. Os transtornos externalizantes, por sua vez, são caracterizados por sintomas comportamentais, tais como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e transtorno de conduta. Além dessas duas grandes categorias, outros transtornos comuns durante a adolescência são os transtornos alimentares e os relacionados a abuso de substâncias.

Para a atuação de profissionais da saúde que lidam com adolescentes, é importante atentar-se ao reconhecimento e auxílio aos jovens que se encontram em situação de risco, bem como identificar possíveis alterações de comportamento nesses indivíduos que possam vir a desencadear um transtorno mental. Quanto mais cedo o sofrimento for identificado, mais cedo também ocorrerá o tratamento, o que provavelmente implica em melhora na qualidade de vida e redução dos riscos de recorrência do transtorno ao longo da vida adulta.

O presente capítulo sumariza alguns dos principais transtornos mentais comuns na adolescência, indicando possíveis fatores de risco e discorrendo sobre a importância do encaminhamento desses jovens para o cuidado à saúde mental. Portanto, conclui-se que, para os profissionais que trabalham com saúde mental na adolescência, dentre eles, o psicólogo da saúde, é de suma importância saber identificar as vulnerabilidades desse público para realizar intervenções preventivas, bem como ofertar tratamento adequado das condições. Para a psicologia da saúde, área de pesquisa e intervenção no que diz respeito à promoção de saúde, também é relevante conhecer aspectos do desenvolvimento humano que podem indicar risco ao adoecimento.



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