Comportamento suicida e problemas com regulação emocional
Suicidal behavior and problems with emotion regulation
Neacsiu, A. D., Fang, C. M., Rodriguez, M., &
Rosenthal, M. Z. (2017). Suicidal behavior and problems with emotion regulation. Suicide and
Life-Threatening Behavior, 48(1), 52-74.
doi:10.1111/sltb.12335
Postado por Giulia
Desregulação emocional é o uso
precário e problemático de estratégias de regulação emocional que rompem com o
processo normativo de regulação dos afetos, sendo mantido pelo uso insuficiente
de estratégias regulatórias eficientes e uso excessivo de estratégias
maladaptativas. Tal adoção de estratégias inapropriadas
está conectada com o desenvolvimento, curso e severidade de transtornos mentais.
O comportamento
suicida, incluindo ideação, comportamento autolesivo e tentativa de suicídio, é
classificado como uma dessas estratégias utilizadas de forma inadequada como
recurso para diminuir afetos negativos intensos e duradouros, como vergonha,
desamparo, raiva e culpa.
Os autores conduziram dois estudos
separadamente a fim de investigar se as dificuldades de regulação emocional
poderiam predizer ideação suicida e se adultos deprimidos e com um histórico de
tentativas de suicídio exibiriam maior dificuldade de regulação emocional
quando comparados com adultos saudáveis e adultos com depressão, mas sem
histórico de tentativas. Os achados dos estudos são descritos a seguir.
No primeiro estudo, foi encontrado
que possuir dificuldades de regulação emocional atuava como um preditor para
ideação suicida, assim como estado civil dos participantes. Além disso, problemas
de claridade emocional também estavam relacionados com o desfecho de ideação
suicida.
No segundo estudo, os resultados
apontaram a prevalência de afetos negativos e de todos os mecanismos de
regulação emocional problemáticos em pessoas que já haviam tentado pôr fim à
vida em comparação aos participantes saudáveis (sem depressão) que não tinham
esse histórico. Os participantes que tinham depressão mas nunca haviam tentado
suicídio reportaram significativamente menos dificuldades em entender suas
emoções (claridade emocional) e em controlar a impulsividade quando
confrontados com emoções negativas do que os participantes com histórico de
tentativa. Também foi encontrado que os participantes com precedente de
tentativa de suicídio tiveram mais dificuldade para retornar à frequência
cardíaca inicial após serem expostos a um estressor e, consequentemente,
tiveram maior reatividade emocional a um segundo estressor.
As descobertas desses estudos são de grande importância para o trabalho psicoterapêutico e apontam para a regulação emocional como um construto valioso que poderá nortear estudos e intervenções da Psicologia da Saúde no sentido de diminuir a probabilidade de desfechos graves como o suicídio.
Nenhum comentário: