As características e prevalência de fobias na gravidez
Nath, S., Busuulwa, P., Ryan, E. G., Challacombe, F.
L., & Howard, L. M. (2020). The characteristics and prevalence of phobias
in pregnancy. Midwifery, 82, 1-6. https://doi.org/10.1016/j.midw.2019.102590
Resenhado por Amanda Feitosa
A fobia específica é o transtorno ansioso mais
comum durante o período da gravidez, com a prevalência entre 4% a 19,9% em
mulheres grávidas. Algumas fobias são comumente relacionadas a maternidade,
como a fobia de sangue-injeção-ferimento, a emetofobia (medo de vômito) e a
tocofobia (medo de engravidar e do parto). Estas se relacionam ao comportamento
de evitar procedimentos cirúrgicos durante a gravidez, maior estresse e prejuízos
no acompanhamento obstétrico e no pré-natal, interferindo na saúde física e mental
da mãe e do bebê. Visto o impacto das fobias durante este período, órgãos de
saúde sugerem incluir ferramentas específicas de triagem deste transtorno por
profissionais de saúde para guiar sua prática durante o atendimento pré-natal.
Assim, o presente estudo objetivou mapear a prevalência de fobias específicas e
transtornos mentais em uma população de mulheres grávidas e, também, investigar
a eficácia de métodos de triagem rotineiros na identificação de fobias
específicas.
Participaram do estudo 545 grávidas que realizavam
seu primeiro atendimento pré-natal, com idade entre 16 a 46 anos. Para mensurar
a presença dos transtornos foi utilizado o Structured
Clinical Interview for DSM-IV Axis I Disorders (SCID-I). Além das fobias, este
roteiro de entrevista possui questões diagnósticas referentes a transtornos
afetivos, o transtorno de estresse pós-traumático e ao estresse agudo. Categorizou-se
como fobias específicas relacionadas à gravidez: a emetofobia, a tocofobia e a
fobia de sangue-injeção-ferimento. Como métodos de triagem rotineiros foram
utilizados: a Generalized Anxiety
Disorder Scale (GAD-2) para avaliar sintomas ansiosos na amostra e duas
questões breves para o diagnóstico de depressão (Whooley questions), além do questionário sociodemográfico.
A prevalência de fobia específica na amostra foi de
8,4%, sendo que as fobias relacionadas a maternidade foram responsáveis por
1,5% da amostra total e 19% da amostra de mulheres com transtornos fóbicos.
Este resultado está de acordo com outros estudos sobre fobias em mulheres
grávidas. Em comparação com as mulheres sem fobias, as que apresentaram
transtornos fóbicos eram mais jovens. Além disso, observou-se que 52,4% das
grávidas com fobias específicas demonstraram transtornos mentais comórbidos,
sendo o principal a depressão, seguido pela ansiedade generalizada, fobia
social e o transtorno obsessivo-compulsivo. As questões de triagem não foram
eficazes para rastrear a presença dos transtornos fóbicos.
Desta forma, percebe-se como fobias relacionadas a
gravidez podem prejudicar o acompanhamento clínico das mulheres por evitarem
consultas médicas, sendo seu mapeamento relevante para prevenir o surgimento de
outros transtornos mentais e comportamentos que possam colocar em risco a saúde
deste público. Por fim, ressalta-se também a importância de novas pesquisas na
área da Psicologia da Saúde que desenvolvam instrumentos de avaliação mais eficazes
para o rastreamento de fobias, com o objetivo de dar suporte aos profissionais
de saúde durante sua prática clínica
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