O papel da autoeficácia parental no bem-estar dos pais e da criança: Uma revisão sistemática dos resultados associados

 

The role of parental self‐efficacy in parent and child well‐being: A systematic review of associated outcomes

 

Albanese, A. M., Russo, G. R., & Geller, P. A. (2019). The role of parental self‐efficacy in parent and child well‐being: A systematic review of associated outcomes. Child: Care, Health and Development45(3), 333-363. https://doi.org/10.1111/cch.12661

 

Resenhado por Daiane Nunes

 

A paternidade é uma experiência repleta de desafios que podem levar ao estresse. Esse evento da vida traz consigo inúmeros estressores como o cansaço físico, mudanças na rotina, padrão do sono, da alimentação, impactos financeiros, mudanças no estilo de vida que podem resultar dessa responsabilidade aumentada. A autoeficácia parental, definida a crença dos pais sobre sua capacidade de influenciar seus filhos de maneira promotora de saúde e de sucesso, emergiu como um alvo importante para o bem-estar dos pais e dos filhos. Por exemplo, uma meta-análise descobriu que a percepção da mãe sobre si mesma e suas habilidades eram um fator significativo em seu risco de depressão pós-parto. Assim, o presente estudo teve como objetivo coletar, sintetizar e apresentar sistematicamente todos os artigos existentes acerca da relação entre a autoeficácia parental e saúde dos pais e da criança.

Os dados foram coletados nas bases de dados PsycINFO, PubMed, CINAHL e Web of Science. Foram incluídos artigos que relatassem os efeitos da autoeficácia parental em resultados relacionados à saúde e bem-estar de pais e crianças e excluídos estudos psicométricos, que relatassem fatores que impactam a autoeficácia parental, outras revisões da literatura e estudos interventivos. Os resultados foram categorizados em três temas emergentes de acordo com o tipo de desfecho relatado, a saber: relativos à relação pais e filhos, relativos à saúde mental dos pais ou relativos ao desenvolvimento infantil. 

Viu-se que a autoeficácia parental esteve associada positivamente ao estabelecimento de rotina em casa, a uma comunicação aberta, a atitude mais positiva em relação à paternidade, bem como uma relação pai-filho mais positiva e melhor construção do papel familiar. Cumpre ressaltar que níveis elevados de autoeficácia parental foram frequentemente associados a estilos e comportamentos parentais mais eficazes, especificamente a parentalidade mais responsiva, práticas parentais mais promotoras, menos paternidade coercitiva e estilo parental autoritário, estabelecimento de metas de desenvolvimento para os filhos, habilidade parental aumentada, parentalidade menos disfuncional, sensibilidade parental, entre outros.

Quanto a relação entre autoeficácia parental e saúde dos pais, observou-se que níveis rebaixados de autoeficácia foram preditores de depressão pós-parto e de sintomas depressivos e ansiosos em estágios posteriores da paternidade. Níveis mais elevados de autoeficácia parental estiveram associados ao risco reduzido de sofrimento psicológico para pais e mães, a uma melhor adaptação à paternidade, ao aumento do bem-estar e satisfação paternos. Já os resultados no desenvolvimento dos filhos demonstraram que a autoeficácia parental foi um fator protetivo contra o atraso no desenvolvimento em ambientes familiares de risco, esteve associada a melhores resultados comportamentais, níveis mais baixos de agressão, exclusão, ansiedade, hiperatividade e vitimização por pares em crianças, entre outros.

 Por fim, aponta-se que o número de artigos revisados por si só destaca a relevância da autoeficácia parental no bem-estar e na saúde de pais e filhos, mas a natureza dos resultados aos quais está vinculada ressalta ainda mais sua relevância clínica. Assim, sugere-se que as ações em saúde que visem o enfrentamento positivo dos desafios adaptativos inerentes à paternidade devem considerar as crenças de autoeficácia em suas estratégias de intervenção.

 

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