Quem se preocupa com fobias específicas? - Um estudo de base populacional de fatores de risco
Coelho, C. M., Gonçalves-Bradley, D., & Zsido, A. N. (2020). Who worries about specific phobias? - A population-based study of risk factors. Journal of psychiatric research, 126, 67–72. https://doi.org/10.1016/j.jpsychires.2020.05.001
Resenhado por Amanda Feitosa
Fobias específicas são um tipo de transtorno
ansioso que se refere a reações de medo extremas e desproporcionais para um
determinado estímulo fóbico (ex. animais, ambientes), mesmo na ausência de
perigo real. É um dos transtornos de ansiedade mais prevalentes ao longo da
vida e, traz prejuízos significativos no funcionamento social, psicológico e
físico dos indivíduos. As fobias específicas apresentam elevada comorbidade com
transtornos físicos e mentais, sendo boas indicadoras de vulnerabilidade
psicológica. Apesar disso, não há muitos estudos acerca dos fatores de risco
envolvidos no desenvolvimento desses transtornos. Desta forma, o presente
estudo objetivou analisar os fatores de risco associados à preocupação com
fobias específicas.
Os dados foram retirados da Pesquisa Nacional de
Saúde Mental da Austrália, realizada em 2007. A amostra foi composta por 8461
adultos, sendo 54,6% (n = 4619) dos participantes do público feminino. A
idade variou entre 18 e 85 anos (M = 47,6, DP = 18,3).
Utilizou-se o CIDI (Composite
International Diagnostic Interview) para avaliar a presença de transtornos
ansiosos, afetivos e de abuso de substâncias de acordo com os critérios
diagnósticos do DSM-IV e do CID-10. Também foram coletados dados
sociodemográficos e informações acerca de potenciais fontes de preocupações e
ansiedades dos participantes sobre fobias específicas. Realizou-se a análise
dos dados com um modelo de regressão em que a preocupação com as fobias
específicas foi a variável de saída, e as informações sociodemográficas e
transtornos foram as variáveis preditoras.
Cerca de 2,2% dos participantes relataram se
preocupar com as fobias. Acredita-se que a prevalência menor do que a
literatura indica ocorra pelo fato das pessoas não estarem cientes do que são
fobias específicas, ou que apenas indivíduos com níveis extremos de medo
relatem se preocupar com o transtorno. Observou-se também que ser do sexo feminino
e apresentar um diagnóstico comórbido de depressão e de uso de substâncias
foram fatores de risco para se preocupar com as fobias. Estudos apontam que
fobias específicas podem aumentar a probabilidade de surgimento de outros
transtornos, a exemplo do transtorno depressivo. Além disso, ter vivenciado
experiências traumáticas com pessoas próximas e maior número de doenças
crônicas também foram fatores de risco para a preocupação. Outras pesquisam
demonstraram que transtornos ansiosos se associam fortemente com dor crônica,
assim como exposição a eventos traumáticos violentos.
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