Autoeficácia na formação superior: Seu papel preditivo na satisfação com a presença acadêmica

 

Santos, A. A. A. D., Zanon, C., & Ilha, V. D. (2019). Autoeficácia na formação superior: Seu papel preditivo na satisfação com a experiência acadêmica. Estudos de Psicologia (Campinas)36, e160077. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0275201936e160077

Resenhado por Maísa Carvalho

Sabe-se que as experiências ocorridas na formação universitária são importantes para o crescimento profissional e pessoal dos alunos, que se utilizam de recursos psicológicos para manejar as atividades acadêmicas, objetivos profissionais e as vivências pessoais atreladas a esse período. Nesse prisma, a autoeficácia, um conceito proposto por Bandura, é definida como a crença associada ao quanto o indivíduo se considera capaz de executar determinadas atividades. A autoeficácia é importante no processo de motivação, impulsionando o indivíduo para a ação. Em níveis elevados, costuma estar associada ao desenvolvimento de atividades mais desafiadoras e a maiores índices de satisfação acadêmica, uma variável cognitivo-afetiva que expressa a avaliação subjetiva de universitários acerca da sua experiência acadêmica. Diante do exposto, de forma geral, este estudo objetivou avaliar o papel da autoeficácia como possível preditora da satisfação acadêmica. Especificamente, objetivou avaliar diferenças entre sexo e diferentes cursos.

Participaram do estudo 372 universitários, sendo 66,4% do sexo feminino, com idades entre 17 e 53 anos (M = 22,8; DP = 6,09) e provenientes dos cursos de Psicologia, Arquitetura e Urbanismo, Administração, Engenharia Civil, Engenharia Química, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação. Os critérios de inclusão foram: possuir idade mínima de 17 anos e estar matriculado nas disciplinas vigentes. Os instrumentos utilizados foram a Escala de Autoeficácia na Formação Superior, de 34 itens em modelo Likert, com alternativas que variavam de 1 (pouco capaz) a 10 (muito capaz), e a Escala de Satisfação com a Experiência Acadêmica, com 34 itens, em modelo Likert, com alternativas que variavam de 1 (nada satisfeito) a 5 (totalmente satisfeito).

Os resultados apontaram que o modelo de regressão logística empregado indicou que o conjunto de facetas da autoeficácia acadêmica explicou - aproximadamente 64% - a maior parte da variância da satisfação com a experiência acadêmica total, ressaltando a relevância da autoeficácia na percepção de satisfação no contexto acadêmico. Entretanto, a faceta de maior expressão na análise foi a de autoeficácia na interação social, tendo apresentado coeficiente de regressão significativo (β = 0,79; p < 0,001). Apesar desse achado expressivo, as demais correlações com as facetas também apresentaram resultados relevantes, já que as correlações pontuaram acima de 0,52. Em suma, entendeu-se que os alunos com maior autoeficácia social tendem a se mostrar mais satisfeitos com o curso escolhido e que essa satisfação também pode advir da interação social com outros alunos.

Os achados presentes neste estudo apontaram a relevância da investigação de aspectos que podem influenciar a satisfação acadêmica, importante para a vivência acadêmica e pós-acadêmica, visto que alunos com maior autoeficácia costumam ser mais resilientes, além de empreenderem mais esforços e empenho na construção da vida profissional e inserção no mercado de trabalho. Sob a ótica da Psicologia da Saúde e, inclusive, em associação com a Psicologia Escolar, a realização de mais estudos que investiguem a autoeficácia em universitários pode ser interessante no levantamento de dados que associem esse construto com a presença de transtornos mentais comuns, a exemplo da depressão e ansiedade, e fenômenos como fracasso e evasão escolar.

 

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