Efeitos moderadores do hardiness e do otimismo em eventos negativos da vida e na autoeficácia de enfrentamento em alunos do primeiro ano da graduação
Moderating
effects of hardiness and optimism on negative life events and coping self-efficacy
in first year undergraduate students
Abbasi, M., Ghadampour, E., Hojati, M., & Senobar,
A. (2020). Moderating Effects of Hardiness and optimism on negative life events
and coping self-efficacy in first-year undergraduate students. Anales De Psicología/Annals of
Psychology, 36(3), 451-456.
Resenhado
por Daiane Nunes
O
primeiro ano para os alunos de graduação não é apenas um período de aumento do
estresse, mas um período de maior risco para o desenvolvimento de problemas de
saúde física, social, acadêmica e psicológica. Diferentes estudos apontam a
ocorrência de sintomas de depressão, estresse, uso de substâncias e até mesmo
ideação suicida nesse público. Os estressores mais comuns desse ambiente são o
medo do fracasso, estressores relacionados a avaliações e gerenciamento de
tempo, sensação de sobrecarga de trabalho, entre outros. Embora se observe
níveis elevados de adoecimento, alguns alunos se adaptam com sucesso a situações
estressoras geradas no contexto acadêmico. Um fator que demonstrou influenciar
a resposta aos eventos negativos foi a autoeficácia para lidar com a situação. A
autoeficácia de enfrentamento se refere às crenças de um indivíduo sobre sua
capacidade de lidar com estressores externos. Indivíduos com níveis elevados de
autoeficácia de enfrentamento tendem a criar uma abordagem adaptativa que os
leva a ver as tarefas ou situações que exigem grandes esforços como
desafiadoras e experiências positivas.
Um
construto que parece influenciar os níveis de autoeficácia de enfrentamento é o
hardiness. Traduzido para o português
como resistência psicológica, refere-se a um conjunto de fatores de
características de personalidade que funcionam como um recurso de resistência
no enfrentamento de eventos estressantes da vida. Indivíduos com maior
resistência psicológica gerenciam a resolução de problemas de forma eficiente
e, consequentemente, obtém resultados mais favoráveis, reforçando crenças de
autoeficácia preexistentes. Assim como o hardiness, o otimismo também é uma
variável importante na relação estresse/saúde psicológica e física e influencia
crenças de autoeficácia. O otimismo reflete uma tendência a expectativas
positivas para o futuro e à confiança na capacidade de enfrentar os desafios. O
objetivo deste estudo foi investigar se o hardiness
e o otimismo moderam a relação entre eventos negativos da vida e a autoeficácia
de enfrentamento em alunos do primeiro ano de graduação.
Participaram 228 estudantes do primeiro ano de
graduação, com idade entre 17 e 18 anos. Foram utilizados instrumentos para
mensurar o otimismo [Revised Life Orientation Test (LOT-R)], o hardiness
(Hardiness Scale), a autoeficácia de enfrentamento [The Coping
Self-Efficacy Scale
(CSE)] e os eventos negativos de vida [The Adolescent Life Events Questionnaire (ALEQ)]. Os
resultados demonstraram que os eventos negativos da vida foram negativamente
correlacionados com a autoeficácia de enfrentamento. Viu-se, ainda, que quando
os níveis de hardiness e de otimismo
eram mais rebaixados, níveis mais elevados de eventos negativos da vida levaram
a uma menor autoeficácia para enfrentar as adversidades.
Os autores explicaram que adolescentes com maior resistência psicológica e mais otimistas utilizam mais estratégias adaptativas de enfrentamento ao lidarem com eventos estressores, com isso, obtém resultados mais satisfatórios e reforçam crenças de autoeficácia mais adaptativas. Assim, as ações em saúde que busquem desenvolver ou aprimorar crenças de autoeficácia de enfrentamento nesse público devem considerar a inclusão do hardiness e do otimismo em suas estratégias de intervenção.
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