Autoeficácia e qualidade de vida relacionada à saúde: Um estudo transversal de pacientes da atenção primária com multimorbidade

 

Self-efficacy and health-related quality of life: a cross-sectional study of primary care patients with multi-morbidity

 

Peters, M., Potter, C. M., Kelly, L., & Fitzpatrick, R. (2019). Self-efficacy and health-related quality of life: A cross-sectional study of primary care patients with multi-morbidity. Health and quality of life outcomes, 17 1-11. doi: https://doi.org/10.1186/s12955-019-1103-3

 

Resenhado por Geovanna Turri

 

A multimorbidade em condições crônicas de longo prazo é uma grande preocupação para os serviços de saúde, pois afeta direta e indiretamente o estilo de vida dos pacientes, como a qualidade de vida e a carga da doença, impactos sobre cuidadores, serviços de saúde e economia. Ela é definida como duas ou mais condições crônicas de longo prazo e é descrita como a condição crônica mais comum vivenciada por pessoas adultas. Estratégias e diretrizes para gerenciar a multimorbidade são estabelecidas por pesquisadores, políticas de saúde e órgãos governamentais em todo o mundo. O autogerenciamento em conjunto com o atendimento clínico faz parte do manejo eficaz da multimorbidade. Uma das formas de melhorar aspectos da saúde mental de pessoas com multimorbidade é com intervenções direcionadas para o aumento de autoeficácia e, consequentemente, da qualidade de vida. A autoeficácia é um mecanismo pelo qual a autogestão pode ser alcançada e a qualidade de vida pode ser melhorada por meio de um autogerenciamento eficaz. Com base nisso, o presente estudo buscou examinar a relação entre autoeficácia e qualidade de vida em pacientes da atenção primária com multimorbidade.

Uma pesquisa transversal foi realizada com pacientes de cuidados primários na Inglaterra. Os participantes potenciais receberam um questionário contendo medidas de qualidade de vida [o EQ-5D-5L e o Questionário de Condições de Longo Prazo (Long-Term Conditions Questionnaire)], a Escala de Impacto da Carga de Doença (Disease Burden Impact Scale) e a Escala de Autoeficácia para Gerenciar Doenças Crônicas (Self-efficacy for Managing Chronic Disease Scale). Estatísticas descritivas, análise de variância e análises de regressão linear foram conduzidas para examinar a relação entre qualidade de vida, autoeficácia, variáveis ​​demográficas e relacionadas à doença.

O tamanho total da amostra foi de 848 pacientes de cuidados primários com multimorbidade, com média de idade de 67,0 anos. Os resultados mostraram que quase todos os entrevistados relataram ao menos um problema de saúde física e 334 (39,4%) relataram pelo menos um problema de saúde mental. Além disso, os resultados revelaram que a autoeficácia foi menor em participantes que relataram aumento da carga de doença (p < 0,001) e em quem pontuou escores mais baixos nas escalas de qualidade de vida relacionadas à saúde (EQ-5D-5L e EQ-VAS) e no Questionário de Condições de Longo Prazo (todos p < 0,001). A regressão linear foi usada para examinar o impacto da autoeficácia controlada pela carga da doença, outros fatores relacionados à doença e dados demográficos na qualidade de vida dos pacientes com multimorbidade. Todos os três modelos foram estatisticamente significativos (p < 0,001, R2 ajustado > 0,70).

Em suma, pacientes multimórbidos com baixa autoeficácia e maior carga de doença têm menor qualidade de vida. A consciência dos níveis de autoeficácia entre os pacientes com multimorbidade pode ajudar os profissionais de saúde a identificar os pacientes que precisam de suporte aprimorado para o autocuidado. Fornecer suporte de autogestão para pessoas com doenças crônicas tem sido pontuado como fator de extrema relevância pela Psicologia da Saúde, bem como intervenções voltadas para a autoeficácia, visto que este construto pode levar a uma melhor qualidade de vida em casos de morbidade múltipla.

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