A atividade física está associada positivamente com o afeto positivo em universitários durante a pandemia

Maher, J. P., Hevel, D. J., Reifsteck, E. J., & Drollette, E. S. (2021). Physical activity is positively associated with college students’ positive affect regardless of stressful life events during the COVID-19 pandemic. Psychology of Sport and Exercise, 52, 101826. https://doi.org/10.1016/j.psychsport.2020.101826

Resenhado por Luiz Fernando de Andrade Melo

 

A pandemia trouxe consigo diversos danos à saúde mental, como o aumento dos níveis de estresse, ansiedade e depressão na população em geral. Diante desse aumento, os universitários estariam mais vulneráveis devido ao impacto causado no ensino superior com o fechamento de universidades e menor convívio social entre estudantes. A atividade física entraria como uma ferramenta fundamental para redução desse impacto, já que há estudos indicando benefícios à saúde mental devido à prática de exercícios. Entretanto, por conta das restrições surgidas na crise da Covid-19, como isolamento social e quarentena, a prática de exercícios físicos esteve reduzida no período, afetando, inclusive, os discentes de universidades.

O objetivo deste estudo foi verificar se o afeto positivo poderia estar associado com o aumento de atividade física, mesmo diante do cenário pandêmico, visto que sua prática foi reduzida pelo isolamento e pela quarentena. A hipótese é que a atividade física esteja positivamente correlacionada com o afeto positivo e negativamente com o afeto negativo, antes e durante as restrições da pandemia. Além disso, a atividade física poderia ter correlação positiva com alterações no afeto positivo e negativa nas modificações nos afetos negativos.

Participaram 107 graduandos dos Estados Unidos, com idade média de 21,7 anos e maioria do gênero feminino. Foram utilizados questionários online durante dois períodos: entre 21 de janeiro e 11 de março (T1) e entre 17 de abril e 5 de maio (T2), ambos em 2020. Mediram-se os afetos através do Positive and Negative Affect Schedule (PANAS) e o tempo de atividade física por meio do Physical Activity Questionnaire – Short Form (IPAQ-SF). Avaliaram-se também a qualidade do sono e a segurança alimentar com o Sleep Quality Index e o U.S. Household Food Security Survey Module, respectivamente. Realizaram-se testes t comparando o afeto positivo, o afeto negativo, a intensidade de atividade física (em minutos por semana), eventos estressores (a partir do segundo período – T2), a qualidade do sono e a segurança alimentar.

Os resultados demonstraram que os afetos possuíam correlações com a qualidade do sono, demonstrando que mais altas pontuações no PANAS se associavam com sono melhor. O tempo de atividade física também esteve associado positivamente com maiores níveis de afeto positivo. O estímulo do afeto positivo se associou maior dedicação a exercícios físicos, assim como sono de maior qualidade, promovendo bem-estar às pessoas. Do mesmo modo, os dados sugerem que realizar atividade física pode colaborar no desenvolvimento do afeto positivo, auxiliando na melhora e manutenção da saúde mental dos indivíduos. O estudo também enfatizou a utilização da atividade física como ferramenta de aumento da imunidade no organismo, especialmente entre estudantes e durante a pandemia. Diversas universidades, inclusive, incentivaram a prática de exercício físico por meio de aulas online, tendo como objetivo a promoção de saúde em meio ao contexto pandêmico.

Por fim, entende-se que o papel desta pesquisa para a Psicologia da Saúde é revelar como os afetos estão relacionados com a prática de exercício físico e como isso pode afetar a saúde das pessoas. Portanto, a dinâmica afetiva pode ser ferramenta para redução de comorbidades, promoção do bem-estar e melhora na saúde mental através do incentivo à atividade física.


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