Fatores de resiliência durante a pandemia de Coronavírus: Testando modelos de efeito principal e de amortecimento do estresse do afeto positivo e do otimismo na saúde física e mental.

 

Resenhado por Susana Santana

 

Venkatesh, H., Osorno, A. M., Boehm, J. K. & Jenkins, B. N. (2022). Resilience factors during the Coronavirus pandemic: Testing the main effect and stress buffering models of optimism and positive affect with mental and physical health. Journal of Health Psychology, 0(0), 1–12. https://doi.org/10.1177/13591053221120340

 

A pandemia de Coronavírus (Covid-19) e o notado aumento da incidência de estresse trouxeram o alerta para os prejuízos que o estresse tem na saúde física e mental das pessoas. O artigo em questão traz evidências que apoiam a ideia de que certos fatores psicossociais são recursos valiosos para a regulação do estresse, em favor de resultados satisfatórios de saúde. Os dois fatores avaliados foram: otimismo e afetos positivos.

Otimismo corresponde às expectativas favoráveis de um indivíduo para o futuro. Já afetos positivos englobam emoções positivas como felicidade, excitação e alegria. A relação entre otimismo e melhor saúde mental já é apontada pela literatura com sua associação a níveis mais baixos de depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático. Do mesmo modo, níveis mais altos de afeto positivo estão associados a níveis mais baixos de ansiedade, depressão, menos sintomas de gripe e resfriado, menor gravidade de doenças para indivíduos com condições crônicas e melhor qualidade do sono. Otimismo também está associado a melhores resultados na saúde física como a melhoria da saúde cardiovascular, sendo considerado um fator de proteção da saúde mental e física contra experiências estressantes.

Numa perspectiva longitudinal, a presente investigação explorou a influência do otimismo e do afeto positivo como dois possíveis fatores de resiliência mental e saúde física, durante a pandemia Covid-19, testando se esses fatores tinham impacto tanto na melhora do estresse quanto em melhores resultados de saúde física e mental. Para isso, 292 alunos de graduação e pós-graduação de uma universidade particular americana, com idades entre 18 e 42 anos, preencheram a questionários contendo escalas de otimismo, afetos positivos, estresse, ansiedade, depressão, sintomas físicos e estado geral de saúde, no período de maio a dezembro de 2020. Os participantes responderam ao questionário em cinco momentos diferentes ao longo desse período.

Aplicadas análises estatísticas para avaliar o efeito individual e conjugado do otimismo e do afeto positivo na redução do estresse e dos resultados de saúde física e mental, foi possível verificar que: maior otimismo e afeto positivo foram associados como preditores de menor sintomas depressivos e menor carga de sintomas de saúde física; afeto positivo interagiu com o estresse para prever sintomas depressivos, sugerindo um efeito de amortecimento do estresse. O papel amortecedor do otimismo foi demonstrado durante a pandemia Covid-19 de tal forma que pessoas com maiores níveis de otimismo tiveram níveis mais baixos de depressão, mesmo durante o alto estresse pandêmico.

Investigações em Psicologia da Saúde buscam analisar e intervir nos elementos biopsicossociais das doenças. Esse estudo demonstra que além dos riscos biológicos da Covid-19, com fins de prevenção e tratamento, os fatores psicológicos têm um papel importante na promoção de desfechos positivos em saúde e bem-estar, e que podem ser recursos de proteção na Covid-19 e em outras condições de saúde, a longo prazo.

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