Do self-esteem and gender help explain depressive and/or anxiety symptoms in adolescents?
Silva,
B. F. P., Vitti, L. S., Fiorim, S. R. F., & Faro, A. (2022). Do self-esteem
and gender help explain depressive and/or anxiety symptoms in adolescents?. Revista de Psicología (PUCP), 40(1), 579-601. https://dx.doi.org/10.18800/psico.202201.019
Resenhado por Beatriz Lima
Os transtornos ansiosos e
depressivos fazem parte dos Transtornos Mentais Comuns (TMC), os quais atuam
como impulsionadores das taxas mundiais de incapacidade e mortalidade. Quando
manifestados na adolescência, os transtornos depressivos e ansiosos impactam
negativamente a saúde e tendem a estar relacionados com a manifestação de
ideação suicida e inversamente com o desempenho escolar. Ainda, esses
transtornos podem atuar de forma comórbida, intensificando os prejuízos na vida
do indivíduo. A literatura aponta uma associação entre autoestima, imagem
corporal e a ocorrência de sintomas ansiosos e depressivos em adolescentes.
Autoestima é um conjunto de sentimentos e pensamentos que o indivíduo tem de
si, de maneira geral, sendo que a imagem corporal é formada pelos sentimentos e
pensamentos que o indivíduo tem do próprio corpo. A insatisfação com a
autoimagem afeta a qualidade de vida e bem-estar psicológico do sujeito, sendo
mais comum esse desagrado em meninas.
O presente estudo investigou a
relação entre gênero, idade, insatisfação com a imagem corporal, autoestima e
sintomas ansiosos e depressivos em adolescentes. Realizou-se um estudo
transversal com 1.209 estudantes do ensino médio, de ambos os sexos. Os
participantes responderam a um questionário sociodemográfico com dados
referentes ao sexo, idade, série, tipo de escola e cidade de residência. A
Escala de Autoestima de Rosenberg (RSES), Hospital
Anxiety and Depression Scale (HADS) e Stunkard
Figure Rating Scale, também foram utilizadas para mensuração de níveis de
autoestima, sintomas ansiosos e depressivos e insatisfação com a autoimagem.
Os
resultados revelaram alta taxa de comorbidade entre ansiedade e depressão em
mais de 70% da amostra. É comum o acometimento por transtornos depressivos na
faixa etária analisada, bem como a manifestação mútua de ambos. Os
participantes que pontuaram no grupo com “baixa autoestima” apresentaram quase
oito vezes mais chances de manifestar sintomas ansiosos. Dentre os
classificados como tendo “autoestima moderada”, as chances aumentaram em três
vezes. Foi possível observar que apresentar “baixa autoestima” triplicou as
chances de demonstrar sintomas depressivos e as quadruplicou quanto a
manifestação dos dois transtornos simultaneamente. Esses dados confirmam a hipótese
inicial, relacionando autoestima rebaixada com maiores índices de ansiedade e
depressão. Outro resultado foi que participantes do sexo feminino apresentaram
aproximadamente o dobro de chances de pertencer ao grupo com sintomas ansiosos
em comparação a não ter transtorno. Esse fato corrobora a literatura, que
atesta uma maior predisposição da sintomatologia ansiosa em meninas. Os alunos
do terceiro ano apresentaram resultados semelhantes, mas com uma significância
estatística limítrofe.
Os
achados reforçam a relação entre diminuição da autoestima e presença de
sintomas ansiosos e depressivos, seja de modo separado ou de modo comórbido. A
adolescência é um período de mudanças biológicas, cognitivas e relacionais
significativas, constituindo-se como a faixa etária de maior vulnerabilidade ao
desenvolvimento de transtornos mentais. Dessa maneira, o mapeamento de fatores
de risco ou proteção para o surgimento de TMC nesse momento auxilia na
elaboração de estratégias para a modificação de comportamentos de saúde. O
psicólogo da saúde poderá atuar tanto nesse enfoque, investigando esses fatores
e elaborando protocolos para lidar com essa conjuntura, quanto trabalhando e
desenvolvendo aspectos que podem aumentar a autoestima do seu paciente. Por
fim, entende-se que intervenções psicológicas efetivas nessa fase são cruciais
para a saúde mental do adolescente, uma vez que quanto mais precoce o
surgimento de sintomas ansiosos ou depressivos, se não tratados adequadamente,
maiores serão as chances de cronificação desses transtornos.
Nenhum comentário: